Por: Simone
Theizen Novaes
“uma
das tarefas do educador progressista” está em através da análise
política
séria
e correta, desvelar as possibilidades para esperança... sem
esperança, nossa luta é
suicida
“(FREIRE, 1992: 11)”.
A
escola, local privilegiado de relações, onde cada qual com seu
papel interage com o outro e se entrelaça formando uma teia de
trabalho, conquistas, ideias, valores, compromisso, e outros tantos
conceitos que nos levam a uma reflexão de como, onde e por que
chegamos até aqui. Qual o papel de cada um na educação de crianças
tão pequenas? E o que esperamos de nossos atos, vivências e
práticas do dia a dia que devem permanentemente ser ressignificados
para que se agreguem valores e que promovam um trabalho profundo e
sensível, produtor de culturas?
Criança:
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações,
relações
e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua
identidade
pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,
deseja, aprende,
observa, experimenta, narra, questiona e constrói
sentidos
sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.
(Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil, 2010).
Há
muito tempo sonho com uma escola humanizada onde as pessoas
trabalhem, não somente para fazer jus ao seu salário, mas também
onde possam se revelar, se realizar, se completar, se mostrar no que
de melhor tem o ser humano – falo de humanização. Onde as pessoas
possam se doar e receber na mesma moeda. Doar os seus melhores
sentimentos e serem alimentados pelos bons sentimentos de todos num
ambiente de trabalho que tenha por base o respeito mútuo, a ética,
o amor na sua melhor expressão e a cooperação entre todos.
Sempre
me remeto a Paulo Freire quando falamos em utopia. Paulo Freire, em
seus textos, associa utopia à esperança. “Sem esperança, nossa
luta é suicida”. Mas por que não podemos “sonhar os sonhos
possíveis” e “termos esperança” numa educação de qualidade
dentro de nosso ambiente de trabalho?
Para
que isto ocorra eu acredito no compromisso individual de cada um.
Acredito que somente podemos realizar um trabalho conjunto num clima
positivo, humanizado, participativo, dialógico, com práticas
coletivas, cooperativas e solidárias, se cada um tiver o compromisso
de se superar a cada dia. Se cada um, dentro de suas possibilidades,
se conscientizar que é no dia a dia, na luta cotidiana, buscando
pequenas mudanças, que avançaremos e produziremos diferenças,
primeiro em nós mesmos, em nossa comunidade, e depois, na sociedade;
a passos lentos, mas constantes. Sempre em frente!
A Unidade Educacional como espaço reflexivo se
configura como principal lugar de constituição dos profissionais da
educação. Reconhece-se que ela é espaço no qual existe um
coletivo que aprende e constrói conhecimentos que favorecem o
refletir, o planejar, o atuar, o avaliar, o replanejar e a proposição
de ações formativas pelas quais se consolidam os processos
dialógicos no exercício da práxis.
(Diretrizes Curriculares da Educação Infantil Pública, 2012).
Neste
sentido, penso no papel do vice-diretor. Este seria um ser meramente
burocrático, cumpridor de tarefas que se apresentam cada vez mais
potencializadas pela secretaria de educação? Tomando por base o
texto escrito até aqui isto seria uma incoerência. A minha
formação, tanto acadêmica, quanto prática, jamais me limitaria a
tal.
O
vice-diretor é um mediador dentro da escola.
O mediador que facilita a (re)construção de relações seja
cuidando dos aspectos administrativos escolares ou acompanhando o
cotidiano da sala de aula. É corresponsável pelo pleno
desenvolvimento do projeto pedagógico, encorajando e garantindo uma
gestão participativa que envolva todos os seguimentos da comunidade
escolar.
Acredito
no papel do gestor democrático que valoriza a sua equipe, que luta
para que seus profissionais assumam o seu papel crítico, reflexivo,
ético e responsável. Que, mesmo lidando com a diversidade cultural
e social, empreenda relações de confiança e participação,
valorizando todos os saberes, investindo na formação continuada,
criando vínculos onde as pessoas se sintam parte integrante da
escola independente do seu cargo ou função.
“De nada valem as ideias sem homens que possam
pô-las em prática” (Karl Marx)
Se
focarmos estes princípios teremos profissionais ajustados, felizes,
comprometidos e amorosos. Desta forma o reflexo no atendimento à
criança, objetivo primeiro da educação, será visível e o
desenvolvimento do projeto político pedagógico fluirá naturalmente
produzindo bons frutos, pois todos estarão envolvidos na sua
execução.
Assim,
o papel do vice-diretor vai muito além de suas funções
burocráticas. É o profissional que está junto, no dia a dia,
auxiliando o diretor, o orientador pedagógico e toda a equipe
educativa na elaboração, execução e avaliação do projeto
pedagógico, no atendimento ético e responsável das crianças, de
seus pais, da comunidade e dos vários segmentos da Secretaria de
Educação e outros órgãos públicos ou privados, sempre tendo a
legislação em vigor como seu ponto de partida, seu norte, zelando
pela legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
do serviço público.
Bibliografia:
____________Pedagogia do
Oprimido. Rio de janeiro: paz e Terra, 1983.
____________Pedagogia da
Esperança: Um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1992.
LIMA, Márcia R. C. Paulo
Freire e a Administração Escolar: A Busca de um Sentido. –
Brasilia: Liber Livro Editora, 2007.
Diretrizes
Curriculares da Educação Infantil Pública: Um processo contínuo
de reflexão e ação, PMC, SME, DEPE, 2012.
Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, Brasília, 2010.
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