terça-feira, 1 de outubro de 2013

Gestão Financeira



A unidade escolar recebe recursos financeiros de três diferentes fontes: do Governo Federal, através do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que é repassado uma vez por ano, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); do Governo Municipal, através do Programa Conta Escola, repassado a cada três meses; e das contribuições espontâneas, chamadas tradicionalmente de APM.

Apesar de seu caráter espontâneo, tendo em conta a necessária gratuidade do serviço público, para as contribuições da APM é sugerido um valor mensal, conforme definido na Reunião do Conselho de Escola do dia 13 de março, sendo, entretanto, ressaltado que este valor não é obrigatório. Esta arrecadação é, costumeiramente, revertida para os agrupamentos a fim de atender necessidades pedagógicas e estruturais imediatas. No entanto, como este também é um recurso público, é realizada a apresentação à comunidade escolar do montante financeiro arrecadado e seu gasto, isso de forma bimestral, através do Balancete fixado em Mural, visível a todos.

Quanto ao recurso do governo Municipal sua aplicação é discutida pelo Conselho de Escola, que aprova um plano de aplicação semestral, indicando, a partir de um valor previsto, tendo por referência a soma do valor repassado nos dois trimestres anteriores, qual o montante a ser gasto nos seguintes itens: material de escritório, pedagógico, permanente, de limpeza, pequenos reparos, manutenção de equipamentos e outros gastos como o da conta de telefone.

Neste ano, considerando a metade do valor repassado, na soma do 4º trimestre de 2012 com o primeiro trimestre de 2013, para o CIMEI 33, estamos prevendo para o semestre (que inclui o primeiro trimestre de 2013) o valor de R$24.000,00, que foram indicadas a aplicação da maneira que vem a seguir:

Histórico/Detalhamento
Valor (R$)
MATERIAL DE ESCRITÓRIO: canetas, papel sulfite, pastas, Cds, tintas e toner p/ impressora, etc.
R$ 1.500,00
MATERIAL PEDAGÓGICO: Atividade pedagógica;
R$ 1.500,00
MATERIAL PEDAGÓGICO: brinquedos, livros e jogos;
R$ 2.500,00
MATERIAL PEDAGÓGICO: papelaria como cartolina, durex colorido, tesoura, etc.
R$ 2.000,00
MATERIAL PEDAGÓGICO: projetos como as fotos para portfólio, materiais diferentes necessários.
R$ 1.000,00
MATERIAL PERMANENTE: carrinho para TV, vap, ventilador, tanquinho, brinquedos, etc.
R$ 1.500,00
PEQUENOS REPAROS: manutenção de pias, torneiras, brinquedos do parque, troca de lâmpadas, etc.
R$ 3.500,00
PEQUENOS REPAROS: melhorias como colocação de toldo, construção de lavatório, etc.
R$ 4.100,00
MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS: TV, som, vídeo, balanças, etc
R$ 1.500,00
MATERIAL DE LIMPEZA: para higiene como papel toalha, papel higiênico, luva de procedimentos, etc.
R$ 1.500,00
MATERIAL DE LIMPEZA: para os espaços como sacos plásticos, detergente, cloro, vassouras, pano de chão, etc.
R$ 1.500,00
CONTA DE TELEFONE
R$ 1.900,00
Total
R$ 24.000,00

Com relação ao valor repassado pelo Governo Federal, através do PDDE/FNDE, é necessário ainda discutir com a equipe gestora do CEI Comecinho de Vida, como será dividido o valor a ser ainda encaminhado para o CIMEI 33. Posteriormente, tendo o montante discriminado, será apresentado uma proposta de aplicação ao Conselho de Escola, para que este defina as prioridades a serem assumidas.


Plano de trabalho da orientação pedagógica


Na estrutura de trabalho pedagógico interposto nos planos e na intencionalidade de uma proposta para orientação pedagógica neste ano de 2013 nos indagamos sobre nossas crianças:

Que tempo é este que vivemos? Que criança é esta que nos chama? Que sorriso é este que nos interpela? Que choro é este que me faz acolhe-la e ao mesmo tempo me indigna? Que brincadeira é essa que me faz sorrir, estranhar e me divertir? Que pergunta é essa que me desconcerta? Que criança é essa que parece um adulto em suas mil faces? Que criança é essa que faz birra? Que não consegue brincar diante de um brinquedo? Que chora por querer seus familiares? Que abraço gostoso! Que belo sorriso! Que palavra certa expressada no vazio e na grandeza de um momento? Que soninho bom!, Que choro sem consolo! Que felicidade numa descoberta! Que brincadeira gostosa! Que autonomia! Que dependência! Que medo, que curiosidade .....

Propomos descobrir o que é ser criança, a importância de reconhecermos no contexto escolar os saberes que as crianças têm sobre o mundo e até sobre elas e nós adultos. Saberes estes constituídos socialmente e que dão às crianças identidade cultural e que muitas vezes nós adultos não conseguimos acolhe-las, atingi-las por não estarem em pauta no holl de reflexões dentro do contexto escolar e da primeira infância.

Segundo Corsaro após infinitas observações nas escolas de educação infantil, pode perceber que as crianças têm, sua própria maneira de interagir com os outros e com o mundo à sua volta. Percebeu que as crianças, mesmo pequenas, não vivem só de imitar os adultos. Elas estabelecem regras, desafiam os maiores e procuram formas alternativas de serem aceitas.

Entendemos que nossas concepções de infância atravessam nossas trajetórias de vida e profissão. Debater nossas experiências e culturas possibilita compreender como nosso espaço profissional é perpassado pelos espaços de vida, bem como construir práticas pedagógicas de enfrentamento das ideologias que nos moldaram como indivíduos e assim entender como as questões de classe, gênero e raça deixaram marcas sobre nossas formas de pensar e agir (Giroux, 1997, p. 40).

Temos a intenção em trazer a tona também a discussão sobre a necessidade de transformar os espaços da escola em um lugar onde a criança possa viver sua infância de acordo com uma gestão temporal. Um espaço físico que possa contemplar um ambiente intencional. A gestão e o cuidado do tempo é tema importante para ser discutido nas propostas da organização de vida cotidiana na educação infantil. O tempo é uma categoria política e diz respeito à vida das crianças, pais, educadores, enfim, todos os envolvidos na educação infantil, pois o mesmo articula a vida, tecendo fios estabelecendo limites e amarrando e estruturando relações, saberes e conhecimentos. É nesse tempo que temos a possibilidade da dimensão da durabilidade, da continuidade e da construção dos sentidos da vida. Para tanto devemos também refletir como estamos vivendo o tempo profissional em que exercemos a docência, a função de cuidar e educar, ensinando, orientado e mediando a criança a vivê-lo.

O tempo em que nos formamos para a docência certamente percorreu determinada ideologia em que nos dias atuais não cabe. No passado a criança era vista sob o paradigma do cuidado, por vezes numa concepção higienista, representava um adulto em miniatura sem voz e vez, onde a fantasia não tinha espaço no cotidiano, apenas no brincar. Hoje a fantasia infantil é o foco, estudos da sociologia colocam a criança como ser pensante, brincante, como parte do contexto social, um ser para além dos direitos de voz e vez no mundo. Na pós-modernidade o espaço de ser criança é interagindo e sentindo a realidade por si mesma, atravessando culturas estabelecidas com seus pares, com os adultos e com o mundo. Por isso devemos trazer a tona práticas pedagógicas de enfrentamento das ideologias que concebem a criança como ser passivo, como objeto de marketing, como página em branco a ser escrita pelo adulto e qualquer outra coisa que lhe reduz a possibilidade de ser mais.

O conceito de infância é de suma importância para que consigamos discutir a ação pedagógica com todos os atores educativos da escola, assim como o papel da família, refletindo o que é ser coletivo na ed. Infantil, o que é uma rotina, a importância do brincar, das atividades de língua materna, dos tempos e espaços, do planejar, do cuidar e educar, do observar, avaliar e documentar.

Perspectiva de Trabalho da Orientação

Para ser grande, ser inteiro, nada teu exagera ou exclui;

ser todo em cada coisa;

põe quanto és no mínimo que fazes;

assim em cada lago, a lua toda brilha porque alta vive.”

Fernando Pessoa



Permitir ao grupo de trabalho o respeito à individualidade, a partilha, aceitar o outro como parte do todo, onde a participação valoriza a oportunidade de manifestação no grupo e para o grupo nos diferentes momentos formativos de que a dispõe a unidade educacional, promover a união de forças com o outro para avançar.

Ouvir o outro deve ser uma prática constante em que os fazeres ocorrem no coletivo através do diálogo, nos saberes a serem compartilhados, dando oportunidades para que o grupo pense e reflita as ações do cotidiano de forma a facilitar o alcance dos objetivos, das metas e ações comuns.

Promover sempre a reflexão para dentro da escola, com vistas à participação e com apropriação daquilo que pretende ou do que é feito. Somos atores e responsáveis por tudo que realizamos.

Desenvolver com o grupo de professores e monitores, acordos coletivos em prol do bem da escola, onde todos devem atender o decidido coletivamente após discussão e participação, com vistas ao trabalho no cotidiano.

Valorizar a igualdade de direitos, onde o protagonista circula pelo grupo dando destaque ao valor profissional para que se tenha a busca de soluções, visando atender as necessidades pedagógicas dos professores e monitores, com vistas aos objetivos do P.P, de maneira formativa, tanto individual quanto coletivamente.

Divulgar junto com todos os profissionais para a comunidade escolar (pais e/ou responsáveis) as atividades pedagógicas desenvolvidas bem como acompanhar o desempenho das diferentes linguagens infantis de modo a permitir o envolvimento necessário, do profissional e da família, importante para a formação e desenvolvimento integral da criança, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacional e Políticas Educacionais da SME.

Planejar junto com os profissionais, situações pertinentes e específicas como estratégias pedagógicas de superação de todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão, realizar reuniões com a equipe gestora (semanal ou quinzenalmente) para trocas e reorganização de ações.

Orientar e acompanhar o desempenho das crianças, coordenar ações para aquisição de materiais pedagógicos, incentivar e planejar junto com a equipe de profissionais da unidade, o desenvolvimento de atividades que envolvam tecnologias/ mídias/ ações e incentivo à leitura, no ensino e aprendizagem das crianças e dos adultos envolvidos na escola.

Sistematizar reuniões de TDC e GEM e Reuniões pedagógicas, escriturando-as em livro específico, para ciência de todos os participantes e interessados.

Participar dos assessoramentos semanais, cursos, eventos e palestras promovidos pela SME ou outras instituições e repassá-los ao grupo favorecendo o crescimento pedagógico.

Os referenciais bibliográficos utilizados para a construção do P.P serão apoio para estruturarmos junto aos profissionais da escola as reuniões pedagógicas.

Há também o objetivo em atender as especificidades dos professores em suas demandas profissionais cotidianas em que a orientação pedagógica desenvolverá um plano de trabalho específico para tal necessidade. Diante disso o contato com o professor em sala, ajudando-o a refletir ações e propondo intervenções quando necessitar acarretará em ampliação do trabalho pedagógico do professor.

Nos TDCs, combinamos que ampliaremos os momentos de trocas de experiências e vivências dos professores, planejaremos mensalmente as atividades coletivas e proporcionaremos estudos específicos e pertinentes sobre as diretrizes curriculares de Ed. Infantil pública do município de Campinas.

Quanto ao GEM se faz necessário planejar de acordo com as necessidades do grupo, com atendimento semanal às quartas feiras pedagógica e promover a opção de formação externa junto à cursos oferecidos pela SME e outros segmentos educacionais que atendam às necessidades da unidade escolar e do profissional em questão.

O trabalho do orientador pedagógico durante o ano letivo desenvolverá com apoio aos professores em sala de aula, atendimento pré agendado a pais juntamente com professores com vistas a situações pedagógicas específicas. Ao longo dos trimestres a atenção e o olhar do orientador pedagógico envolverá os objetivos da educação infantil, os eixos trabalhados na unidade escolar, a integração e a partilha entre os professores da unidade quanto ao desenvolvimento de ações pedagógicas com as crianças , o trabalho com o brincar, o letramento,o trabalho em espaços diversificados,atividades coletivas, estudo de casos e situações de avanço pedagógico como por exemplo o trabalho com o computador e uso de mídias, a arte e suas diferentes expressões, a integração da família/escola, a valorização da educação infantil em seu contexto mais amplo, Coordenação TDC e Formação Continuada, GEM, RPAI entre outros.

No que se refere a jornada de trabalho do orientador diretamente com os professores / monitores neste ano temos 11 profissionais no Comecinho e 17 no Pezinhos , o que representa uma demanda intensa de trabalho, em que a semana passa a ser curta frente ao planejamento apresentado. Neste ano a CEI Pezinhos ampliou seu atendimento no agrupamento II parcial com duas salas, duas salas com semi estendido e duas integrais( uma de AGI e outra de AGII) portanto as necessidades de apoio pedagógico tornam-se mais intensivas e imediatas frente a parte pedagógica e atendimento específico a pais. Percebemos a entrada de crianças novas que não freqüentavam a escola período integral que tem colocado nossas atenções pedagógicas desde o acolhimento até a conscientização familiar do papel da educação infantil no contexto da vida da criança.





Oração ao Tempo

Maria Gadú



És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo









































Atendimento semanal subsequente


SEGUNDA
TERÇA
QUARTA
QUINTA
SEXTA
Manhã
Assessoramento
CEI Comecinho de Vida
CEI Pezinhos Descalços
CEI Pezinhos Descalços
CEI Comecinho de Vida
NAED
Atend. Pais
Atend. Profa Rita/ Danuze/TDC
Atend. Profa Lindsey/ Adriana G. e monitoras
Reunião Gestão
Atend. Pais
GEM
Atend. Profa Luciana/ Adriana M. e monitoras
Org. Material Pedag.
TDC
Atend. Pais
Atend. Profa Luciana/ Mª Inês/ Ana Paula
Tarde
CEI Comecinho de Vida



CEI Pezinhos Descalços
CEI Pezinhos Descalços
CEI Comecinho de Vida
Reunião Gestão
Atend. Profa Iracy/ Lucilene
Org. pauta TDC
Reunião Gestão
GEM

Atend. Roberta/Elaine e monitoras
Atend. Profa Tatiana/Mª Elisa/ Marisa






Bibliografia:




Diretrizes Curriculares pública : Um processo contínuo de reflexão e ação, PMC, SME, DEPE, 2012

Referencial Curricular nacional para a educação infantil/ ministério da educação e do Desporto, secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1998, vol1.

Por uma cultura da infância ; metodologia de pesquisa com crianças/ Ana Lúcia Goulart de Faria, Zeila de Brito Fabri Demartini, Patrícia Dias Prado, (orgs.).-Campinas,SP: Autores Associados,2002.-( coleção educação contemporânea)

O tempo na Educação infantil: Perspetivas de estudo de casos/ Ana Bondilioli (org):São Paulo: Cortez,2004

A entrada da criança na escola e o período de adaptação: Cristina helena G.Sartori.—Campinas, SP: Editora Alínea,2001

Didática do ensino da Arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte: Miriam Celeste Martins, Gisa Picosque, M Terezinha Telles Guerra. –São Paulo: FTD,1998

Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas/4.ed/ texto de Jorge Larossa, tradução de Alfredo Veiga-Neto,- Belo Horizonte;Autêntica,2001.

Avaliação na escola 1:Elvira Souza Lima- São Paulo: Editora Sobradinho107, 2002.

A criança pequena e suas linguagens: ______________-São Paulo: Editora Sobradinho107,2003

As relações interpessoais na formação de Professores: Laurinda Ramalho De Almeida; Vera Maria Nigro De Souza Placo(orgs)- São Paulo,Edições Loyola,2002

Brinquedoteca: um mergulho no brincar: Nilse Helena Silva Cunha.- São Paulo: Maltese, 1994

Gilles Deleuze, Guattari,F.MIL PLATÔS,1987, Continuum London New York.

Girox Henry . Placeres Inquietantes – Aprendiendo la Cultura Popular,Barcelona, Paidós, 1997)

GIROUX, Henry. Os Professores como Intelectuais – Rumo a uma Pedagogia Crítica da Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1997.

CORSARO, W. A Sociologia da Infância, 2ª edição, Artmed.

Plano de trabalho do diretor educacional


A esperança, o amor, os sonhos e a utopia devem ser buscados e incorporados à vida das pessoas, assim como o diálogo, o confronto, o conflito e a mobilização – fatores determinantes no desenvolvimento do processo histórico, os quais não representam subterfúgio da realidade, tampouco idealismo ou demagogia, mas um projeto utópico efetivo de uma práxis responsável e crítica. Uma utopia esperançosa. (LIMA, 2007, p. 22).

A Casa e a Rua: A Alma e os Princípios

Um Centro de Educação Infantil, como organização, é mais semelhante a uma casa de família do que a uma indústria. Os profissionais que trabalham no CEI também buscam o “pão de cada dia”, assim como os funcionários de uma indústria, mas esse pão é amassado, fermentado, assado, conquistado através da relação estabelecida com crianças pequenas. Essas são deixadas por suas famílias por diversos motivos, mas principalmente para serem educadas e cuidadas, e, dentro das possibilidades de vida de cada pessoa, amadas.

Essas crianças choram, algumas choram muito, outras fazem “birra”, muitas necessitam que alguém as limpe e alimente, e, normalmente, não esperam disponibilidade. Crianças brincam, mas também se batem, se mordem, caem, tropeçam, basta alguns segundos para escorregarem, disputarem um brinquedo e voltarem com uma marca no braço. Cada uma delas traz um hábito, um jeito, um costume diferente de se relacionar com o meio que a cerca, e todas dividem o mesmo espaço da sala, com poucos educadores.

E frente a tudo isso crianças pequenas precisam de um carinho, do contato com um olhar significativo; de alguém que participe do seu imaginário, da sua fantasia, da sua brincadeira, das suas travessuras; de palavras as vezes firmes, as vezes doce, que a faça entender, na sua condição de criança, a respeitar o outro, a se cuidar pra não se machucar, precisa ser estimulada a comer, a dormir, a guardar o brinquedo, a se limpar sozinha; criança, as vezes, precisa de um colo, um “acalanto”, alguém que lhe dê um abraço e diga “já vai passar”, que, as vezes, lhe dê um beijo pra sarar; precisa que o adulto, lá do alto do seu mundo, abaixe e sente no chão para conversar, cantar, ou conversar, olhando no olho; enfim, são coisas de coração. Portanto, para lidar com um grupo de crianças pequenas é preciso um mínimo de bem querer, é preciso ter afeto, é preciso ter animo, e a palavra animo tem origem em alma, por isso talvez o ditado de “colocar a alma no que faz!”.

As crianças precisam de pão e de rosas.
O pão do corpo, que mantém o indivíduo em boa saúde fisiológica.
O pão do espírito, que você chama de instrução, conhecimentos, conquistas técnicas, esse mínimo sem o qual corremos o risco de não conseguir a desejável saúde intelectual.
E das rosas também — não por luxo, mas por necessidade vital. (…)
As crianças têm necessidade de pão, do pão do corpo e do pão do espírito, mas necessitam ainda mais do seu olhar, da sua voz, do seu pensamento e da sua promessa. Precisam sentir que encontraram, em você e na sua escola, a ressonância de falar com alguém que as escute, de escrever a alguém que as leia ou as compreenda, de produzir alguma coisa de útil e de belo que é a expressão de tudo o que trazem nelas de generoso e de superior.
Essa nova intimidade estabelecida pelo trabalho entre o adulto e a criança, esse novo grafismo aparentemente sem objeto, valorizado pela matéria ou pela cor, esse texto eternizado pela imprensa, esse poema que é o cântico da alma, esse cântico que é como um apelo do ser para o afeto que nos ultrapassa — é de tudo isso que vive a criança, normalmente alimentada de pão e conhecimentos, é tudo isso que a engrandece e a idealiza, que lhe abre o coração e o espírito.
A planta tem necessidade de sol e de céu azul, o animal não degenerado pela domesticação não sabe viver sem o ar puro da liberdade. A criança precisa de pão e de rosas."
FREINET, Celestin. Pedagogia do bom senso


Por isso que a escola é diferente da indústria, porque nela somos seres únicos na nossa relação com o trabalho, a criança precisa estabelecer uma ligação afetiva com o educador e ele, como ser singular, pode e deve ser significativo para a criança e a criança deve ser significativa para ela.

[...] na casa, somos únicos e insubstituíveis. Temos um lugar singular numa teia de relações marcadas por muitas dimensões sociais importantes, como a divisão de sexo e idade, [mas também] [...] nela somos [...] determinados por tudo o que a honra, a vergonha e o respeito, esses valores grupais, acabam determinando. (KOCHEM apud DA MATTA, 1989, p. 25-26)

Nesta organização social que mais parece uma grande casa, se as crianças precisam de pessoas que as recebam, as tratem como únicas e busque a melhor educação/cuidado na diversidade de situações, o mesmo ocorre com a gestão. Para manter o afeto, o bem querer, o animo para o bem cuidar e educar é preciso também que a equipe gestora receba sua equipe e busque fazer a melhor gestão para esses profissionais, que devem ser tratados com respeito, com atenção, como seres únicos. A gestão educacional deve buscar o melhor trabalho para os profissionais, as famílias e as crianças nesta “grande casa”, organizando e mantendo seus quartos (sala de aula), cozinha (cozinha), sala de jantar (refeitório), banheiros (banheiros), quintal (parque) e hall de entrada (secretaria/direção), assim como mantendo funcionando as regras da casa.

Contudo, Roberto Da Matta, para uma analise da cultura brasileira, utiliza a representação do espaço da casa para discutir a confusão existente com as representações sociais do espaço da rua.

No mundo ocidental, o tempo na casa é cíclico, seguindo lembranças e encontros familiares, é um lugar estritamente da nossa gente, onde a autoridade não se dá pela lei ou pelo cargo; ou seja, não são os imparciais contratos civis e comerciais que regem a compra, a venda e a permuta – a tradição, o afeto, a proximidade e a cumplicidade determinam as relações, as quais são as moedas de troca.

Já a rua seria o espaço do povo como conjunto de indivíduos indiferenciados na massa, um espaço que se rege pela força e pelo poder na exploração uns dos outros, por isso faz-se necessário determinar os direitos e os deveres comuns a todos, criar um espaço da lei. Nesse espaço de trabalho e de circulação fluida, veloz e indistinta, as vontades contradizem-se em uma batalha figurada (ou não) de vontades, constituindo uma cadeia de acontecimentos históricos. (KOCHEM, 2010, p. 76)

Deste modo, apesar da escola, como organização social, ser mais similar a casa de família do que de uma indústria, ela não é a casa de ninguém, não é a casa das crianças, não é a casa dos Agentes de Educação/Monitores, não é a casa dos professores, não é a casa dos demais funcionários, não é a casa da Orientadora Pedagógica e muito menos é a casa do diretor. Por mais que tenha aspectos semelhantes a casa de família, como organização social, a escola faz parte do espaço da rua.

Isso significa dizer que o Centro de Educação Infantil, como organização escolar, precisa ser regido por direitos e deveres comuns a todos, apesar dos interesses, tradições e afetos estarem envolvidos nas relações existentes.

Os direitos e deveres a serem considerados na gestão da escola pública são sustentados pelo direito administrativo.

O Direito Administrativo, como ramo do direito público, pode ser conceituado como conjunto de normas destinadas a regular o funcionamento da Administração Pública, tanto nas suas relações internas, direta ou indiretamente, como nas suas relações externas com os administrados, sempre que o interesse público assim o determinar. (GOMES, 2012, p.33)

O que orienta a aplicação das normas do direito administrativo são princípios utilizados como referência para as decisões e interpretações das mesmas. Aqui ressaltamos oito deles: a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, sendo que alguns acrescentam a esses o principio da participação, e como alicerce destes princípios a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público. No caso do Centro de Educação Infantil o interesse público se remete a educação e cuidado de qualidade a ser oferecido as crianças atendidas, e o principio da supremacia do interesse público (1) define que estes são superiores aos interesses particulares, seja de um funcionário, de um gestor, ou mesmo da família; o princípio da indisponibilidade (2) complementa o da supremacia ao determinar que a autoridade responsável pelo serviço não pode se abster de defender o interesse público.

A legalidade (3) se refere à necessidade de pautar as decisões administrativas em leis, decretos, resoluções e outras disposições legais, que devem fornecer as possibilidades e limites para o ato administrativo; a impessoalidade (4) sustenta que a ação do serviço público não pode dar diferente tratamento a pessoas que se encontram na mesma posição/situação/condição, por razões de preferência ou interesse pessoal, parentesco, proximidade ou por ter relações afetivas diferentes; a moralidade (5) denota a obrigatoriedade da ação gestora ser sustentada por valores éticos; a publicidade (6) se remete ao dever de apresentar os atos administrativos e seus referencias de maneira pública; a eficiência (7) se refere ao correto processo que deve ter a ação do serviço prestado, de modo a alcançar o destino a que ele se propõe, e, por fim, a participação (8) está ligada a imperiosa relação democrática a ser estabelecida nos órgãos públicos.

Deste modo, o desafio primeiro desta gestão é conseguir manter o animo, a alma do trabalho educativo, sem deixar de lado os princípios que devem reger a administração pública. Para isso a concepção de trabalho como algo pesado, sofrido, precisa ser, frente a dureza da lei, revisto.

... a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os gregos chamam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, que construo, em que me vejo. (Cortella, 2007, p.?)

Um possível caminho é mobilizar concepções, sentidos, sentimentos e encontros para que os profissionais, apesar da necessária ausência da representação da casa, para que reconheçam o seu trabalho individual como parte da obra que se realiza na unidade, para que se reconheçam enquanto sujeitos na busca do pão e de um sonho de escola.

O pão e o sonho: uma construção coletiva

... a pessoa humilde é capaz de ter dúvida, e isso é motor da mudança. Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo. [...] Você não tem que temer o erro. Tem de temer a negligência, a desatenção e o descuido. [...] Não, a gente não aprende com os erros. A gente aprende com a correção dos erros. [...] Qual o contrário de humildade? Arrogância. Gente arrogante é gente que acha que já sabe, que acha que não precisa aprender, que costuma dizer: “Há dois modos de fazer as coisas, o meu ou o errado. Escolhe você”. Gente arrogante não ouve discordância e não consegue crescer. Arrogância é um perigo porque ela altera inclusive a nossa capacidade de aprender com o outro, de entrar em sintonia. (CORTELLA, 2011, p. 28-31)

A arrogância muitas vezes tem origem no encastelamento, como na história da Ruth Rocha em que os súditos pequeninos têm que subir em pernas de pau para serem vistos e ouvidos pelo grande rei, e, quando ele os vê, foge de medo. O rei tinha que decidir, tinha que ouvir conselhos, observar aquilo que estava a sua volta, mas enxergava e conversava só com aqueles da sua altura, e assim foi se distanciando, foi se encastelando, se afastando de seus súditos.
A gestão da escola precisa também observar as coisas a sua volta, ouvir conselhos e tem que decidir, mas não pode se encastelar, se achar dona do castelo para fazer o que bem entender.
Para que o distanciamento entre a gestão e a comunidade educativa não ocorra, a busca pela humildade, unida ao princípio da participação democrática, pode auxiliar.
A humildade permite o ser transitivo. Ser transitivo é se enxergar como uma parte do todo, sem se fechar para outras formas de ver o problema e de pensar soluções, é ser capaz de apresentar sua posição e de ouvir a do outro, para buscar um jeito de fazer que seja coletivo.
Na Abertura 1812, de Tchaikovsky, por exemplo, o instrumentista do címbalo toca pouco durante a peça inteira. E ele vai para casa e fala o quê para a esposa? Que durante a execução do concerto ele fez “pim” três vezes? Claro que não. Ele fala que participou de um concerto. Agora se ele perceber que as pessoas acham que ele só toca címbalo e que, aliás, é altamente substituível, se ele perceber que o spalla (primeiro violino) da orquestra o despreza, ele ficará propenso a ter dois tipos de comportamento: não ter lealdade à orquestra ou atravessar durante a execução, tocar na hora errada. O tocador de címbalos precisa ter clareza de que não foi lá bater o prato três vezes, mas, sim, de que estava compondo uma obra coletiva. (CORTELLA, 2011, p. 66)
A direção precisa ser transitiva, permitindo com que ideias e projetos provindos de diferentes origens possam frutificar, dando incentivo, fundamentos e estrutura.
Com essa capacidade de dialogar, através da mobilização de colegiados representativos, acredito ser possível construir sonhos, possibilidades virtuais passiveis de se tornarem reais, um projeto coletivo de um castelo que todos possam usufruir.
Esse trabalho, porém, precisa ser sedimentado através da seleção de referenciais teóricos comuns que fundamentem as escolhas e iniciativas cotidianas e sustentem a progressiva autonomia dos profissionais e das equipes do CEI.
Para Barroso (1996, p.17), ‘o conceito de autonomia pressupõe liberdade, porém não se confunde com independência, nem com a ideia de autogoverno ou a faculdade de se reger por regras próprias’. Segundo o autor, a autonomia é um conceito construído socialmente e resulta sempre de confluências de várias lógicas e interesse, tais como os políticos, os voltados a gestão, os profissionais e pedagógicos os quais é preciso saber gerir, integrar e negociar. (LIMA, 2007, p. 85)
Alguns documentos são essenciais para constituição dessa autonomia possível, primeiramente, no nível escolar, o próprio projeto pedagógico, no nível municipal as diretrizes apresentadas/construídas pela secretaria de educação e no nível nacional as diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil.
São estes documentos que devem ser tomados como referenciais para que, dentro de uma organização, que lida com decisões nas salas de aula, no refeitório, com relação as famílias, as crianças, frente a situações inesperadas, possam ser constituídos caminhos que guiem para uma mesma direção. De uma forma que essas decisões se fundem em paradigmas que sejam coerentes, críticos, emancipatorios e humanizantes, no sentido de ser mais humano, como tanto defendeu Paulo Freire.
Dessa forma, a escola, como local de formação de profissionais criativos, críticos e reflexivos, é um instrumento social de contraposição às formas autoritárias que permanecem na educação, ao longo da história educacional brasileira. É uma escola que procura alternativas para poder não apenas sobreviver, mas resistir e lutar contra o emaranhado de contradições e negações existentes no contexto atual e defender a prioridade de que a educação deve ser alvo. (LIMA, 2007, p.30)Apesar dos documentos citados, esta direção para um mesmo norte, esta coerência no trabalho, esta busca pela qualidade, demanda estudos e discussões que precisam ser realizados. Estudos e discussões que serão mais bem apresentados na carta pedagógica da Orientadora Pedagógica.
Para realização dos mesmos pretende-se que os espaços conquistados pela rede municipal, como as reuniões de TDC, RPAI, Conselho de Escola e outros colegiados e comissões, que podem vir a ser criados na unidade, possam funcionar como instâncias mobilizadoras de ação, discussão e estudo. E pretendemos construir procedimentos que permitam valorizar o esforço destes profissionais que participam desses espaços de maneira qualificada, no enfrentamento das necessidades percebidas e dos problemas enfrentados, de modo propositivo, ativo e consciente dos processos e entraves existentes.
Isso não significa se omitir, pois a gestão também precisa se apresentar como sujeito, se responsabilizando pela garantia da supremacia do interesse público frente ao privado, buscando garantir a legalidade dos atos realizados, procurando a impessoalidade frente a relações tão próximas, mas sem se colocar acima dos demais. E, quando necessário, sustentado pelos colegiados, frente a supremacia do interesse público, busquem o que Barroso chama de autonomia clandestina, aonde:
os órgãos de gestão ‘contornam’ certos preceitos legais que impedem ou dificultam a tomada de decisão em domínios considerados estrategicamente importantes para realizar determinados objetivos da escola (BARROSO apud LIMA, 2007, p.86)
No sentido de construir um sonho coletivo, a reunião do Conselho de Escola no dia 13 de março de 2013, foi importante, pois apontou necessidades estruturais e acolheu propostas para pensar um espaço com mais opções.
A percepção de reformas necessárias foram estas:
  1. Erguer as tomadas das salas de aula e demais locais aonde as crianças têm acesso;
  2. Trocar as lâmpadas das salas,
  3. Limpar calhas e trocar telhas,
  4. Trocar torneiras do banheiro do AGII parcial,
  5. Reformar o banheiro do AGI A,
  6. Construir veneziana para circulação de ar no refeitório,
  7. Pintura do refeitório e dos corredores,
  8. Colocar geladeira, uma pia e o microondas na sala dos funcionários,
  9. Reparo na tubulação de água existente ao lado da porta da cozinha, pois o piso está minado água,
  10. Colocar grade no portão do solário no AGII B, AG1A e AG2A,
  11. Manutenção de fechaduras e colocação de trava interna,
  12. Revisão da parte elétrica,
  13. Manutenção do parque com poda de árvores, colocação de pneus no entorno do parque ao lado do calçamento, para proteção das crianças e pintura;
  14. Retirada de entulhos;
  15. Colocação de portão eletrônico da porta de entrada ao lado da secretaria para controle de acesso;
  16. Cortar portas da secretaria e banheiros do AG1A e AG2A.

O que os olhos não veem
Ruth Rocha

Havia uma vez um rei num reino muito distante, que vivia em seu palácio com toda a corte reinante.
Reinar pra ele era fácil, ele gostava bastante.

Mas um dia, coisa estranha!
Como foi que aconteceu?
Com tristeza do seu povo nosso rei adoeceu.
De uma doença esquisita, toda gente, muito aflita, de repente percebeu...

Pessoas grandes e fortes o rei enxergava bem. Mas se fossem pequeninas, e se falassem baixinho, o rei não via ninguém.

Por isso, seus funcionários tinham de ser escolhidos entre os grandes e falantes, sempre muito bem nutridos. Que tivessem muita força, e que fossem bem nascidos.
E assim, quem fosse pequeno, da voz fraca, mal vestido, não conseguia ser visto.
E nunca, nunca era ouvido.

O rei não fazia nada contra tal situação; pois nem mesmo acreditava nessa modificação. E se não via os pequenos e sua voz não escutava, por mais que eles reclamassem o rei nem mesmo notava.

E o pior é que a doença num instante se espalhou. Quem vivia junto ao rei logo a doença pegou. E os ministros e os soldados, funcionários e agregados, toda essa gente cegou.

De uma cegueira terrível, que até parecia incrível de um vivente acreditar, que os mesmos olhos que viam pessoas grandes e fortes, as pessoas pequeninas não podiam enxergar.

E se, no meio do povo, nascia algum grandalhão, era logo convidado para ser o assistente de algum grande figurão. Ou senão, pra ter patente de tenente ou capitão. E logo que ele chegava, no palácio se instalava; e a doença, bem depressa, no tal grandalhão pegava.

Todas aquelas pessoas, com quem ele convivia, que ele tão bem enxergava, cuja voz tão bem ouvia, como num encantamento, ele agora não tomava o menor conhecimento...

Seria até engraçado se não fosse muito triste; como tanta coisa estranha que por esse mundo existe.

E o povo foi desprezado, pouco a pouco, lentamente. Enquanto que próprio rei vivia muito contente; pois o que os olhos não vêem, nosso coração não sente.

E o povo foi percebendo que estava sendo esquecido; que trabalhava bastante, mas que nunca era atendido; que por mais que se esforçasse não era reconhecido.

Cada pessoa do povo foi chegando á convicção, que eles mesmos é que tinham que encontrar a solução pra terminar a tragédia. Pois quem monta na garupa não pega nunca na rédea!

Eles então se juntaram, Discutiram, pelejaram,
E chegaram à conclusão
Que, se a voz de um era fraca,
Juntando as vozes de todos
Mais parecia um trovão.

E se todos, tão pequenos,
Fizessem pernas de pau,
Então ficariam grandes, E no palácio real
Seriam logo avistados, Ouviriam os seus brados,
Seria como um sinal.

E todos juntos, unidos, fazendo muito alarido seguiram pra capital.
Agora, todos bem altos nas suas pernas de pau. Enquanto isso, nosso rei continuava contente.
Pois o que os olhos não veem nosso coração não sente...

Mas de repente, que coisa!
Que ruído tão possante!
Uma voz tão alta assim só pode ser um gigante!
- Vamos olhar na muralha.
- Ai, São Sinfrônio, me valha neste momento terrível!
Que coisa tão grande é esta que parece uma floresta? Mas que multidão incrível!

E os barões e os cavaleiros, ministros e camareiros, damas, valetes e o rei tremiam como geleia, daquela grande assembleia, como eu nunca imaginei!

E os grandões, antes tão fortes, que pareciam suportes da própria casa real; agora tinham xiliques e cheios de tremeliques fugiam da capital.

O povo estava espantado, pois nunca tinha pensado em causar tal confusão, só queriam ser ouvidos, ser vistos e recebidos sem maior complicação.

E agora os nobres fugiam, apavorados corriam de medo daquela gente.
E o rei corria na frente, dizendo que desistia de seus poderes reais.
Se governar era aquilo ele não queria mais!

Eu vou parar por aqui a história a que estou contando. O que se seguiu depois cada um vá inventando.
Se apareceu novo rei ou se o povo está mandando, na verdade não faz mal.
Que todos naquele reino guardam muito bem guardadas as suas pernas de pau.

Pois temem que seu governo possa cegar de repente.
E eles sabem muito bem que quando os olhos não veem nosso coração não sente.

  Os conselheiros presentes acordaram a prioridade como sendo a (1) reforma do telhado, (2) limpar calhas, (3) verificar o vazamento do refeitório, (4) retirar entulhos, (5) colocar grades no portão das salas de aula para parte externa, (6) reforma do refeitório para permitir circulação de ar, (7) erguer as tomadas elétricas.

Considerando que a unidade possui um espaço externo subutilizado, que é necessário organizar a mobilidade na área externa do CEI e é importante construir áreas alternativas para possibilitar a diversificação do trabalho pedagógico, os seguintes interesses por melhorias foram acolhidos pelos conselheiros:

  1. Colocação de 06 grades de ferro na altura de 90cm: uma direcionando a entrada dos pais até a secretaria; a segunda separando a entrada de veículos do tanque de areia; a terceira e a quarta delimitando a circulação de crianças para organizar espaços alternativos de utilização, sendo uma grade separando o parque da área ao fundo da cozinha (com portão de passagem), e a outra entre o lado de fora da sala do AG2C/E até a cerca da unidade (com portão de passagem) e a última delimitando um espaço ao fundo das salas do AG2B e AG2D;
  2. Construir uma lavanderia integrada ao prédio e reformar o banheiro dos funcionários, tendo em conta as péssimas condições dos banheiros e a mudança do perfil de atendimento da unidade. Foi sugerido o fundo da cozinha para isso, mas levantou-se a necessidade de consultar um engenheiro ou arquiteto para definir melhor o local;
  3. Construir um quiosque para vivências coletivas ao fundo do CEI, no lado direito, tendo em conta que a unidade não tem um espaço externo coberto para realização de atividades alternativas. Foi ressaltado que precisa fazer uma drenagem na área, pois o terreno chega a ficar cheirando mal por causa da umidade do local e que é uma demanda antiga da unidade e que já teria sido solicitado um projeto de melhorias que incluiria um espaço externo coberto, mas que esse projeto foi feito para o CEI Comecinho de Vida;
  4. Construir um espaço de água, tipo chuveirão, ao lado da sala do AG2D, no lado esquerdo do prédio (drenar espaço).
  5. Construir um espaço para realização do projeto horta ao lado da sala do AG2C/E (drenar espaço);
  6. Colocar uma cobertura na entrada do CEI. Foi ressaltado que esta é uma solicitação antiga que consta em atas de RPAI do ano anterior, e que esse espaço poderia ser utilizado tanto para deixar um parque com brinquedos para as crianças do AG1, quanto permitir que as famílias aguardem atendimento abrigado da chuva e do sol;
  7. Construir uma casinha de alvenaria no lado externo ao lado da secretaria/direção;
  8. Reforma do tanque de areia ao fundo do prédio, cercado com tela de proteção, evitando a urina de animais e permitindo a cobertura para sombra;
  9. Construção de uma porta de correr que de acesso externo a sala do AG2C/E;
  10. Colocação de brinquedos ao fundo do prédio ao lado do tanque de areia desativado;
  11. Tendo em conta o desnível do terreno da frente do CEI, foi proposto fazer um parque nesta área gramada com um propósito diferente, buscando “brinquedos” de circuito, como labirintos, como manilhas furadas para passar por dentro, entre outros.

Frente a estes projetos existe ainda a necessidade de organizar a vida burocrática da unidade; a ausência de outra pessoa na secretaria para dar atendimento as famílias e profissionais quando o diretor não se encontra (apesar do auxilio que a vice-diretora do CEI Comecinho de Vida tem prestado no mês de março); o acompanhamento pedagógico que se resume a dois dias na semana, pois a Orientadora Pedagógico tem seu trabalho dividido entre as duas unidades que constituíam do CIMEI 33; o enfrentamento dos diversos acordos internos que ocorriam em anos anteriores e que prejudicavam o trabalho pedagógico; a superação dos conflitos marcados em livros e relatórios dos anos anteriores; a participação da comunidade no CEI e a participação do CEI na comunidade, que aparentemente não é profícua; a busca por resolver os problemas enfrentados na unidade, dentro da própria unidade, buscando auxilio só extraordinariamente quando estes enfrentamentos superam a capacidade do grupo em buscar o consenso negociado. São alguns dos desafios postos a esta gestão.

Bibliografia:

CORTELLA, Mario S.. Qual é a Tua Obra? - Inquietações Propositivas sobre Ética, Liderança e Gestão. São Paulo : Vozes, 2007.
FREINET, Celestin. Pedagogia do Bom Senso. Disponível em: http://www.visionvox.com.br/biblioteca/c/Celestin-Frenet-Pedagogia-do-Bom-Senso.pdf Ultimo acesso em: 15/04/2013.
GOMES, Fábio B.. Elementos de Direito Administrativo. 2. Ed. – São Paulo : Saraiva, 2012.
KOCHEM, Ivan J.. Móveis de Sala no Quarto dos Fundos: Trajetória do Saber Artesanal em uma Escola Salesiana. – Campinas/SP, 2010. Dissertação (Mestrado) – UNICAMP.
LIMA, Márcia R. C.. Paulo Freire e a Administração Escolar : A Busca de um Sentido. – Brasilia : Liber Livro Editora, 2007.
MAZZA, Alexandre (coord.). Direito Administrativo: Escute e aprenda. 7. Ed. – Coleção Audiolivrojurídico. AudioLivro.net.
ROCHA, Ruth. O que os olhos não veem. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/ruth_rocha/ - acesso em 23/03/2013.