terça-feira, 1 de outubro de 2013

Plano de trabalho do diretor educacional


A esperança, o amor, os sonhos e a utopia devem ser buscados e incorporados à vida das pessoas, assim como o diálogo, o confronto, o conflito e a mobilização – fatores determinantes no desenvolvimento do processo histórico, os quais não representam subterfúgio da realidade, tampouco idealismo ou demagogia, mas um projeto utópico efetivo de uma práxis responsável e crítica. Uma utopia esperançosa. (LIMA, 2007, p. 22).

A Casa e a Rua: A Alma e os Princípios

Um Centro de Educação Infantil, como organização, é mais semelhante a uma casa de família do que a uma indústria. Os profissionais que trabalham no CEI também buscam o “pão de cada dia”, assim como os funcionários de uma indústria, mas esse pão é amassado, fermentado, assado, conquistado através da relação estabelecida com crianças pequenas. Essas são deixadas por suas famílias por diversos motivos, mas principalmente para serem educadas e cuidadas, e, dentro das possibilidades de vida de cada pessoa, amadas.

Essas crianças choram, algumas choram muito, outras fazem “birra”, muitas necessitam que alguém as limpe e alimente, e, normalmente, não esperam disponibilidade. Crianças brincam, mas também se batem, se mordem, caem, tropeçam, basta alguns segundos para escorregarem, disputarem um brinquedo e voltarem com uma marca no braço. Cada uma delas traz um hábito, um jeito, um costume diferente de se relacionar com o meio que a cerca, e todas dividem o mesmo espaço da sala, com poucos educadores.

E frente a tudo isso crianças pequenas precisam de um carinho, do contato com um olhar significativo; de alguém que participe do seu imaginário, da sua fantasia, da sua brincadeira, das suas travessuras; de palavras as vezes firmes, as vezes doce, que a faça entender, na sua condição de criança, a respeitar o outro, a se cuidar pra não se machucar, precisa ser estimulada a comer, a dormir, a guardar o brinquedo, a se limpar sozinha; criança, as vezes, precisa de um colo, um “acalanto”, alguém que lhe dê um abraço e diga “já vai passar”, que, as vezes, lhe dê um beijo pra sarar; precisa que o adulto, lá do alto do seu mundo, abaixe e sente no chão para conversar, cantar, ou conversar, olhando no olho; enfim, são coisas de coração. Portanto, para lidar com um grupo de crianças pequenas é preciso um mínimo de bem querer, é preciso ter afeto, é preciso ter animo, e a palavra animo tem origem em alma, por isso talvez o ditado de “colocar a alma no que faz!”.

As crianças precisam de pão e de rosas.
O pão do corpo, que mantém o indivíduo em boa saúde fisiológica.
O pão do espírito, que você chama de instrução, conhecimentos, conquistas técnicas, esse mínimo sem o qual corremos o risco de não conseguir a desejável saúde intelectual.
E das rosas também — não por luxo, mas por necessidade vital. (…)
As crianças têm necessidade de pão, do pão do corpo e do pão do espírito, mas necessitam ainda mais do seu olhar, da sua voz, do seu pensamento e da sua promessa. Precisam sentir que encontraram, em você e na sua escola, a ressonância de falar com alguém que as escute, de escrever a alguém que as leia ou as compreenda, de produzir alguma coisa de útil e de belo que é a expressão de tudo o que trazem nelas de generoso e de superior.
Essa nova intimidade estabelecida pelo trabalho entre o adulto e a criança, esse novo grafismo aparentemente sem objeto, valorizado pela matéria ou pela cor, esse texto eternizado pela imprensa, esse poema que é o cântico da alma, esse cântico que é como um apelo do ser para o afeto que nos ultrapassa — é de tudo isso que vive a criança, normalmente alimentada de pão e conhecimentos, é tudo isso que a engrandece e a idealiza, que lhe abre o coração e o espírito.
A planta tem necessidade de sol e de céu azul, o animal não degenerado pela domesticação não sabe viver sem o ar puro da liberdade. A criança precisa de pão e de rosas."
FREINET, Celestin. Pedagogia do bom senso


Por isso que a escola é diferente da indústria, porque nela somos seres únicos na nossa relação com o trabalho, a criança precisa estabelecer uma ligação afetiva com o educador e ele, como ser singular, pode e deve ser significativo para a criança e a criança deve ser significativa para ela.

[...] na casa, somos únicos e insubstituíveis. Temos um lugar singular numa teia de relações marcadas por muitas dimensões sociais importantes, como a divisão de sexo e idade, [mas também] [...] nela somos [...] determinados por tudo o que a honra, a vergonha e o respeito, esses valores grupais, acabam determinando. (KOCHEM apud DA MATTA, 1989, p. 25-26)

Nesta organização social que mais parece uma grande casa, se as crianças precisam de pessoas que as recebam, as tratem como únicas e busque a melhor educação/cuidado na diversidade de situações, o mesmo ocorre com a gestão. Para manter o afeto, o bem querer, o animo para o bem cuidar e educar é preciso também que a equipe gestora receba sua equipe e busque fazer a melhor gestão para esses profissionais, que devem ser tratados com respeito, com atenção, como seres únicos. A gestão educacional deve buscar o melhor trabalho para os profissionais, as famílias e as crianças nesta “grande casa”, organizando e mantendo seus quartos (sala de aula), cozinha (cozinha), sala de jantar (refeitório), banheiros (banheiros), quintal (parque) e hall de entrada (secretaria/direção), assim como mantendo funcionando as regras da casa.

Contudo, Roberto Da Matta, para uma analise da cultura brasileira, utiliza a representação do espaço da casa para discutir a confusão existente com as representações sociais do espaço da rua.

No mundo ocidental, o tempo na casa é cíclico, seguindo lembranças e encontros familiares, é um lugar estritamente da nossa gente, onde a autoridade não se dá pela lei ou pelo cargo; ou seja, não são os imparciais contratos civis e comerciais que regem a compra, a venda e a permuta – a tradição, o afeto, a proximidade e a cumplicidade determinam as relações, as quais são as moedas de troca.

Já a rua seria o espaço do povo como conjunto de indivíduos indiferenciados na massa, um espaço que se rege pela força e pelo poder na exploração uns dos outros, por isso faz-se necessário determinar os direitos e os deveres comuns a todos, criar um espaço da lei. Nesse espaço de trabalho e de circulação fluida, veloz e indistinta, as vontades contradizem-se em uma batalha figurada (ou não) de vontades, constituindo uma cadeia de acontecimentos históricos. (KOCHEM, 2010, p. 76)

Deste modo, apesar da escola, como organização social, ser mais similar a casa de família do que de uma indústria, ela não é a casa de ninguém, não é a casa das crianças, não é a casa dos Agentes de Educação/Monitores, não é a casa dos professores, não é a casa dos demais funcionários, não é a casa da Orientadora Pedagógica e muito menos é a casa do diretor. Por mais que tenha aspectos semelhantes a casa de família, como organização social, a escola faz parte do espaço da rua.

Isso significa dizer que o Centro de Educação Infantil, como organização escolar, precisa ser regido por direitos e deveres comuns a todos, apesar dos interesses, tradições e afetos estarem envolvidos nas relações existentes.

Os direitos e deveres a serem considerados na gestão da escola pública são sustentados pelo direito administrativo.

O Direito Administrativo, como ramo do direito público, pode ser conceituado como conjunto de normas destinadas a regular o funcionamento da Administração Pública, tanto nas suas relações internas, direta ou indiretamente, como nas suas relações externas com os administrados, sempre que o interesse público assim o determinar. (GOMES, 2012, p.33)

O que orienta a aplicação das normas do direito administrativo são princípios utilizados como referência para as decisões e interpretações das mesmas. Aqui ressaltamos oito deles: a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, sendo que alguns acrescentam a esses o principio da participação, e como alicerce destes princípios a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público. No caso do Centro de Educação Infantil o interesse público se remete a educação e cuidado de qualidade a ser oferecido as crianças atendidas, e o principio da supremacia do interesse público (1) define que estes são superiores aos interesses particulares, seja de um funcionário, de um gestor, ou mesmo da família; o princípio da indisponibilidade (2) complementa o da supremacia ao determinar que a autoridade responsável pelo serviço não pode se abster de defender o interesse público.

A legalidade (3) se refere à necessidade de pautar as decisões administrativas em leis, decretos, resoluções e outras disposições legais, que devem fornecer as possibilidades e limites para o ato administrativo; a impessoalidade (4) sustenta que a ação do serviço público não pode dar diferente tratamento a pessoas que se encontram na mesma posição/situação/condição, por razões de preferência ou interesse pessoal, parentesco, proximidade ou por ter relações afetivas diferentes; a moralidade (5) denota a obrigatoriedade da ação gestora ser sustentada por valores éticos; a publicidade (6) se remete ao dever de apresentar os atos administrativos e seus referencias de maneira pública; a eficiência (7) se refere ao correto processo que deve ter a ação do serviço prestado, de modo a alcançar o destino a que ele se propõe, e, por fim, a participação (8) está ligada a imperiosa relação democrática a ser estabelecida nos órgãos públicos.

Deste modo, o desafio primeiro desta gestão é conseguir manter o animo, a alma do trabalho educativo, sem deixar de lado os princípios que devem reger a administração pública. Para isso a concepção de trabalho como algo pesado, sofrido, precisa ser, frente a dureza da lei, revisto.

... a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os gregos chamam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, que construo, em que me vejo. (Cortella, 2007, p.?)

Um possível caminho é mobilizar concepções, sentidos, sentimentos e encontros para que os profissionais, apesar da necessária ausência da representação da casa, para que reconheçam o seu trabalho individual como parte da obra que se realiza na unidade, para que se reconheçam enquanto sujeitos na busca do pão e de um sonho de escola.

O pão e o sonho: uma construção coletiva

... a pessoa humilde é capaz de ter dúvida, e isso é motor da mudança. Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo. [...] Você não tem que temer o erro. Tem de temer a negligência, a desatenção e o descuido. [...] Não, a gente não aprende com os erros. A gente aprende com a correção dos erros. [...] Qual o contrário de humildade? Arrogância. Gente arrogante é gente que acha que já sabe, que acha que não precisa aprender, que costuma dizer: “Há dois modos de fazer as coisas, o meu ou o errado. Escolhe você”. Gente arrogante não ouve discordância e não consegue crescer. Arrogância é um perigo porque ela altera inclusive a nossa capacidade de aprender com o outro, de entrar em sintonia. (CORTELLA, 2011, p. 28-31)

A arrogância muitas vezes tem origem no encastelamento, como na história da Ruth Rocha em que os súditos pequeninos têm que subir em pernas de pau para serem vistos e ouvidos pelo grande rei, e, quando ele os vê, foge de medo. O rei tinha que decidir, tinha que ouvir conselhos, observar aquilo que estava a sua volta, mas enxergava e conversava só com aqueles da sua altura, e assim foi se distanciando, foi se encastelando, se afastando de seus súditos.
A gestão da escola precisa também observar as coisas a sua volta, ouvir conselhos e tem que decidir, mas não pode se encastelar, se achar dona do castelo para fazer o que bem entender.
Para que o distanciamento entre a gestão e a comunidade educativa não ocorra, a busca pela humildade, unida ao princípio da participação democrática, pode auxiliar.
A humildade permite o ser transitivo. Ser transitivo é se enxergar como uma parte do todo, sem se fechar para outras formas de ver o problema e de pensar soluções, é ser capaz de apresentar sua posição e de ouvir a do outro, para buscar um jeito de fazer que seja coletivo.
Na Abertura 1812, de Tchaikovsky, por exemplo, o instrumentista do címbalo toca pouco durante a peça inteira. E ele vai para casa e fala o quê para a esposa? Que durante a execução do concerto ele fez “pim” três vezes? Claro que não. Ele fala que participou de um concerto. Agora se ele perceber que as pessoas acham que ele só toca címbalo e que, aliás, é altamente substituível, se ele perceber que o spalla (primeiro violino) da orquestra o despreza, ele ficará propenso a ter dois tipos de comportamento: não ter lealdade à orquestra ou atravessar durante a execução, tocar na hora errada. O tocador de címbalos precisa ter clareza de que não foi lá bater o prato três vezes, mas, sim, de que estava compondo uma obra coletiva. (CORTELLA, 2011, p. 66)
A direção precisa ser transitiva, permitindo com que ideias e projetos provindos de diferentes origens possam frutificar, dando incentivo, fundamentos e estrutura.
Com essa capacidade de dialogar, através da mobilização de colegiados representativos, acredito ser possível construir sonhos, possibilidades virtuais passiveis de se tornarem reais, um projeto coletivo de um castelo que todos possam usufruir.
Esse trabalho, porém, precisa ser sedimentado através da seleção de referenciais teóricos comuns que fundamentem as escolhas e iniciativas cotidianas e sustentem a progressiva autonomia dos profissionais e das equipes do CEI.
Para Barroso (1996, p.17), ‘o conceito de autonomia pressupõe liberdade, porém não se confunde com independência, nem com a ideia de autogoverno ou a faculdade de se reger por regras próprias’. Segundo o autor, a autonomia é um conceito construído socialmente e resulta sempre de confluências de várias lógicas e interesse, tais como os políticos, os voltados a gestão, os profissionais e pedagógicos os quais é preciso saber gerir, integrar e negociar. (LIMA, 2007, p. 85)
Alguns documentos são essenciais para constituição dessa autonomia possível, primeiramente, no nível escolar, o próprio projeto pedagógico, no nível municipal as diretrizes apresentadas/construídas pela secretaria de educação e no nível nacional as diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil.
São estes documentos que devem ser tomados como referenciais para que, dentro de uma organização, que lida com decisões nas salas de aula, no refeitório, com relação as famílias, as crianças, frente a situações inesperadas, possam ser constituídos caminhos que guiem para uma mesma direção. De uma forma que essas decisões se fundem em paradigmas que sejam coerentes, críticos, emancipatorios e humanizantes, no sentido de ser mais humano, como tanto defendeu Paulo Freire.
Dessa forma, a escola, como local de formação de profissionais criativos, críticos e reflexivos, é um instrumento social de contraposição às formas autoritárias que permanecem na educação, ao longo da história educacional brasileira. É uma escola que procura alternativas para poder não apenas sobreviver, mas resistir e lutar contra o emaranhado de contradições e negações existentes no contexto atual e defender a prioridade de que a educação deve ser alvo. (LIMA, 2007, p.30)Apesar dos documentos citados, esta direção para um mesmo norte, esta coerência no trabalho, esta busca pela qualidade, demanda estudos e discussões que precisam ser realizados. Estudos e discussões que serão mais bem apresentados na carta pedagógica da Orientadora Pedagógica.
Para realização dos mesmos pretende-se que os espaços conquistados pela rede municipal, como as reuniões de TDC, RPAI, Conselho de Escola e outros colegiados e comissões, que podem vir a ser criados na unidade, possam funcionar como instâncias mobilizadoras de ação, discussão e estudo. E pretendemos construir procedimentos que permitam valorizar o esforço destes profissionais que participam desses espaços de maneira qualificada, no enfrentamento das necessidades percebidas e dos problemas enfrentados, de modo propositivo, ativo e consciente dos processos e entraves existentes.
Isso não significa se omitir, pois a gestão também precisa se apresentar como sujeito, se responsabilizando pela garantia da supremacia do interesse público frente ao privado, buscando garantir a legalidade dos atos realizados, procurando a impessoalidade frente a relações tão próximas, mas sem se colocar acima dos demais. E, quando necessário, sustentado pelos colegiados, frente a supremacia do interesse público, busquem o que Barroso chama de autonomia clandestina, aonde:
os órgãos de gestão ‘contornam’ certos preceitos legais que impedem ou dificultam a tomada de decisão em domínios considerados estrategicamente importantes para realizar determinados objetivos da escola (BARROSO apud LIMA, 2007, p.86)
No sentido de construir um sonho coletivo, a reunião do Conselho de Escola no dia 13 de março de 2013, foi importante, pois apontou necessidades estruturais e acolheu propostas para pensar um espaço com mais opções.
A percepção de reformas necessárias foram estas:
  1. Erguer as tomadas das salas de aula e demais locais aonde as crianças têm acesso;
  2. Trocar as lâmpadas das salas,
  3. Limpar calhas e trocar telhas,
  4. Trocar torneiras do banheiro do AGII parcial,
  5. Reformar o banheiro do AGI A,
  6. Construir veneziana para circulação de ar no refeitório,
  7. Pintura do refeitório e dos corredores,
  8. Colocar geladeira, uma pia e o microondas na sala dos funcionários,
  9. Reparo na tubulação de água existente ao lado da porta da cozinha, pois o piso está minado água,
  10. Colocar grade no portão do solário no AGII B, AG1A e AG2A,
  11. Manutenção de fechaduras e colocação de trava interna,
  12. Revisão da parte elétrica,
  13. Manutenção do parque com poda de árvores, colocação de pneus no entorno do parque ao lado do calçamento, para proteção das crianças e pintura;
  14. Retirada de entulhos;
  15. Colocação de portão eletrônico da porta de entrada ao lado da secretaria para controle de acesso;
  16. Cortar portas da secretaria e banheiros do AG1A e AG2A.

O que os olhos não veem
Ruth Rocha

Havia uma vez um rei num reino muito distante, que vivia em seu palácio com toda a corte reinante.
Reinar pra ele era fácil, ele gostava bastante.

Mas um dia, coisa estranha!
Como foi que aconteceu?
Com tristeza do seu povo nosso rei adoeceu.
De uma doença esquisita, toda gente, muito aflita, de repente percebeu...

Pessoas grandes e fortes o rei enxergava bem. Mas se fossem pequeninas, e se falassem baixinho, o rei não via ninguém.

Por isso, seus funcionários tinham de ser escolhidos entre os grandes e falantes, sempre muito bem nutridos. Que tivessem muita força, e que fossem bem nascidos.
E assim, quem fosse pequeno, da voz fraca, mal vestido, não conseguia ser visto.
E nunca, nunca era ouvido.

O rei não fazia nada contra tal situação; pois nem mesmo acreditava nessa modificação. E se não via os pequenos e sua voz não escutava, por mais que eles reclamassem o rei nem mesmo notava.

E o pior é que a doença num instante se espalhou. Quem vivia junto ao rei logo a doença pegou. E os ministros e os soldados, funcionários e agregados, toda essa gente cegou.

De uma cegueira terrível, que até parecia incrível de um vivente acreditar, que os mesmos olhos que viam pessoas grandes e fortes, as pessoas pequeninas não podiam enxergar.

E se, no meio do povo, nascia algum grandalhão, era logo convidado para ser o assistente de algum grande figurão. Ou senão, pra ter patente de tenente ou capitão. E logo que ele chegava, no palácio se instalava; e a doença, bem depressa, no tal grandalhão pegava.

Todas aquelas pessoas, com quem ele convivia, que ele tão bem enxergava, cuja voz tão bem ouvia, como num encantamento, ele agora não tomava o menor conhecimento...

Seria até engraçado se não fosse muito triste; como tanta coisa estranha que por esse mundo existe.

E o povo foi desprezado, pouco a pouco, lentamente. Enquanto que próprio rei vivia muito contente; pois o que os olhos não vêem, nosso coração não sente.

E o povo foi percebendo que estava sendo esquecido; que trabalhava bastante, mas que nunca era atendido; que por mais que se esforçasse não era reconhecido.

Cada pessoa do povo foi chegando á convicção, que eles mesmos é que tinham que encontrar a solução pra terminar a tragédia. Pois quem monta na garupa não pega nunca na rédea!

Eles então se juntaram, Discutiram, pelejaram,
E chegaram à conclusão
Que, se a voz de um era fraca,
Juntando as vozes de todos
Mais parecia um trovão.

E se todos, tão pequenos,
Fizessem pernas de pau,
Então ficariam grandes, E no palácio real
Seriam logo avistados, Ouviriam os seus brados,
Seria como um sinal.

E todos juntos, unidos, fazendo muito alarido seguiram pra capital.
Agora, todos bem altos nas suas pernas de pau. Enquanto isso, nosso rei continuava contente.
Pois o que os olhos não veem nosso coração não sente...

Mas de repente, que coisa!
Que ruído tão possante!
Uma voz tão alta assim só pode ser um gigante!
- Vamos olhar na muralha.
- Ai, São Sinfrônio, me valha neste momento terrível!
Que coisa tão grande é esta que parece uma floresta? Mas que multidão incrível!

E os barões e os cavaleiros, ministros e camareiros, damas, valetes e o rei tremiam como geleia, daquela grande assembleia, como eu nunca imaginei!

E os grandões, antes tão fortes, que pareciam suportes da própria casa real; agora tinham xiliques e cheios de tremeliques fugiam da capital.

O povo estava espantado, pois nunca tinha pensado em causar tal confusão, só queriam ser ouvidos, ser vistos e recebidos sem maior complicação.

E agora os nobres fugiam, apavorados corriam de medo daquela gente.
E o rei corria na frente, dizendo que desistia de seus poderes reais.
Se governar era aquilo ele não queria mais!

Eu vou parar por aqui a história a que estou contando. O que se seguiu depois cada um vá inventando.
Se apareceu novo rei ou se o povo está mandando, na verdade não faz mal.
Que todos naquele reino guardam muito bem guardadas as suas pernas de pau.

Pois temem que seu governo possa cegar de repente.
E eles sabem muito bem que quando os olhos não veem nosso coração não sente.

  Os conselheiros presentes acordaram a prioridade como sendo a (1) reforma do telhado, (2) limpar calhas, (3) verificar o vazamento do refeitório, (4) retirar entulhos, (5) colocar grades no portão das salas de aula para parte externa, (6) reforma do refeitório para permitir circulação de ar, (7) erguer as tomadas elétricas.

Considerando que a unidade possui um espaço externo subutilizado, que é necessário organizar a mobilidade na área externa do CEI e é importante construir áreas alternativas para possibilitar a diversificação do trabalho pedagógico, os seguintes interesses por melhorias foram acolhidos pelos conselheiros:

  1. Colocação de 06 grades de ferro na altura de 90cm: uma direcionando a entrada dos pais até a secretaria; a segunda separando a entrada de veículos do tanque de areia; a terceira e a quarta delimitando a circulação de crianças para organizar espaços alternativos de utilização, sendo uma grade separando o parque da área ao fundo da cozinha (com portão de passagem), e a outra entre o lado de fora da sala do AG2C/E até a cerca da unidade (com portão de passagem) e a última delimitando um espaço ao fundo das salas do AG2B e AG2D;
  2. Construir uma lavanderia integrada ao prédio e reformar o banheiro dos funcionários, tendo em conta as péssimas condições dos banheiros e a mudança do perfil de atendimento da unidade. Foi sugerido o fundo da cozinha para isso, mas levantou-se a necessidade de consultar um engenheiro ou arquiteto para definir melhor o local;
  3. Construir um quiosque para vivências coletivas ao fundo do CEI, no lado direito, tendo em conta que a unidade não tem um espaço externo coberto para realização de atividades alternativas. Foi ressaltado que precisa fazer uma drenagem na área, pois o terreno chega a ficar cheirando mal por causa da umidade do local e que é uma demanda antiga da unidade e que já teria sido solicitado um projeto de melhorias que incluiria um espaço externo coberto, mas que esse projeto foi feito para o CEI Comecinho de Vida;
  4. Construir um espaço de água, tipo chuveirão, ao lado da sala do AG2D, no lado esquerdo do prédio (drenar espaço).
  5. Construir um espaço para realização do projeto horta ao lado da sala do AG2C/E (drenar espaço);
  6. Colocar uma cobertura na entrada do CEI. Foi ressaltado que esta é uma solicitação antiga que consta em atas de RPAI do ano anterior, e que esse espaço poderia ser utilizado tanto para deixar um parque com brinquedos para as crianças do AG1, quanto permitir que as famílias aguardem atendimento abrigado da chuva e do sol;
  7. Construir uma casinha de alvenaria no lado externo ao lado da secretaria/direção;
  8. Reforma do tanque de areia ao fundo do prédio, cercado com tela de proteção, evitando a urina de animais e permitindo a cobertura para sombra;
  9. Construção de uma porta de correr que de acesso externo a sala do AG2C/E;
  10. Colocação de brinquedos ao fundo do prédio ao lado do tanque de areia desativado;
  11. Tendo em conta o desnível do terreno da frente do CEI, foi proposto fazer um parque nesta área gramada com um propósito diferente, buscando “brinquedos” de circuito, como labirintos, como manilhas furadas para passar por dentro, entre outros.

Frente a estes projetos existe ainda a necessidade de organizar a vida burocrática da unidade; a ausência de outra pessoa na secretaria para dar atendimento as famílias e profissionais quando o diretor não se encontra (apesar do auxilio que a vice-diretora do CEI Comecinho de Vida tem prestado no mês de março); o acompanhamento pedagógico que se resume a dois dias na semana, pois a Orientadora Pedagógico tem seu trabalho dividido entre as duas unidades que constituíam do CIMEI 33; o enfrentamento dos diversos acordos internos que ocorriam em anos anteriores e que prejudicavam o trabalho pedagógico; a superação dos conflitos marcados em livros e relatórios dos anos anteriores; a participação da comunidade no CEI e a participação do CEI na comunidade, que aparentemente não é profícua; a busca por resolver os problemas enfrentados na unidade, dentro da própria unidade, buscando auxilio só extraordinariamente quando estes enfrentamentos superam a capacidade do grupo em buscar o consenso negociado. São alguns dos desafios postos a esta gestão.

Bibliografia:

CORTELLA, Mario S.. Qual é a Tua Obra? - Inquietações Propositivas sobre Ética, Liderança e Gestão. São Paulo : Vozes, 2007.
FREINET, Celestin. Pedagogia do Bom Senso. Disponível em: http://www.visionvox.com.br/biblioteca/c/Celestin-Frenet-Pedagogia-do-Bom-Senso.pdf Ultimo acesso em: 15/04/2013.
GOMES, Fábio B.. Elementos de Direito Administrativo. 2. Ed. – São Paulo : Saraiva, 2012.
KOCHEM, Ivan J.. Móveis de Sala no Quarto dos Fundos: Trajetória do Saber Artesanal em uma Escola Salesiana. – Campinas/SP, 2010. Dissertação (Mestrado) – UNICAMP.
LIMA, Márcia R. C.. Paulo Freire e a Administração Escolar : A Busca de um Sentido. – Brasilia : Liber Livro Editora, 2007.
MAZZA, Alexandre (coord.). Direito Administrativo: Escute e aprenda. 7. Ed. – Coleção Audiolivrojurídico. AudioLivro.net.
ROCHA, Ruth. O que os olhos não veem. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/ruth_rocha/ - acesso em 23/03/2013.





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