A esperança, o amor, os sonhos e a utopia devem ser
buscados e incorporados à vida das pessoas, assim como o diálogo, o
confronto, o conflito e a mobilização – fatores determinantes no
desenvolvimento do processo histórico, os quais não representam
subterfúgio da realidade, tampouco idealismo ou demagogia, mas um
projeto utópico efetivo de uma práxis
responsável e crítica. Uma utopia esperançosa. (LIMA, 2007, p.
22).
A Casa e a Rua: A Alma
e os Princípios
Um Centro de Educação
Infantil, como organização, é mais semelhante a uma casa de
família do que a uma indústria. Os profissionais que trabalham no
CEI também buscam o “pão de cada dia”, assim como os
funcionários de uma indústria, mas esse pão é amassado,
fermentado, assado, conquistado através da relação estabelecida
com crianças pequenas. Essas são deixadas por suas famílias por
diversos motivos, mas principalmente para serem educadas e cuidadas,
e, dentro das possibilidades de vida de cada pessoa, amadas.
Essas crianças choram,
algumas choram muito, outras fazem “birra”, muitas necessitam que
alguém as limpe e alimente, e, normalmente, não esperam
disponibilidade. Crianças brincam, mas também se batem, se mordem,
caem, tropeçam, basta alguns segundos para escorregarem, disputarem
um brinquedo e voltarem com uma marca no braço. Cada uma delas traz
um hábito, um jeito, um costume diferente de se relacionar com o
meio que a cerca, e todas dividem o mesmo espaço da sala, com poucos
educadores.
E frente a tudo isso
crianças pequenas precisam de um carinho, do contato com um olhar
significativo; de alguém que participe do seu imaginário, da sua
fantasia, da sua brincadeira, das suas travessuras; de palavras as
vezes firmes, as vezes doce, que a faça entender, na sua condição
de criança, a respeitar o outro, a se cuidar pra não se machucar,
precisa ser estimulada a comer, a dormir, a guardar o brinquedo, a se
limpar sozinha; criança, as vezes, precisa de um colo, um
“acalanto”, alguém que lhe dê um abraço e diga “já vai
passar”, que, as vezes, lhe dê um beijo pra sarar; precisa que o
adulto, lá do alto do seu mundo, abaixe e sente no chão para
conversar, cantar, ou conversar, olhando no olho; enfim, são coisas
de coração. Portanto, para lidar com um grupo de crianças pequenas
é preciso um mínimo de bem querer, é preciso ter afeto, é preciso
ter animo, e a palavra animo tem origem em alma, por isso talvez o
ditado de “colocar a alma no que faz!”.
As crianças precisam de pão e de rosas.
O pão do corpo, que mantém o indivíduo em boa saúde
fisiológica.
O pão do espírito, que você chama de instrução,
conhecimentos, conquistas técnicas, esse mínimo sem
o qual corremos o risco de não conseguir a desejável saúde
intelectual.
E das rosas também — não por luxo, mas por
necessidade vital. (…)
As crianças têm necessidade de pão, do pão do corpo
e do pão do espírito, mas necessitam ainda mais
do seu olhar, da sua voz, do seu pensamento e da sua promessa.
Precisam sentir que encontraram, em você e na sua escola, a
ressonância de falar com alguém que as escute, de escrever a
alguém que as leia ou as compreenda, de produzir alguma coisa de
útil e de belo que é a expressão de tudo o que trazem nelas de
generoso e de superior.
Essa nova intimidade estabelecida pelo trabalho entre o
adulto e a criança, esse novo grafismo aparentemente
sem objeto, valorizado pela matéria ou pela cor, esse texto
eternizado pela imprensa, esse poema que
é o cântico da alma, esse cântico que é como um apelo do ser
para o afeto que nos ultrapassa —
é de tudo isso que vive a criança, normalmente alimentada de pão
e conhecimentos, é tudo isso que a engrandece
e a idealiza, que lhe abre o coração e o espírito.
A planta tem necessidade de sol e de céu azul, o
animal não degenerado pela domesticação não sabe viver sem o ar
puro da liberdade. A criança precisa de pão e de rosas."
FREINET, Celestin. Pedagogia do bom senso
Por isso que a escola é
diferente da indústria, porque nela somos seres únicos na nossa
relação com o trabalho, a criança precisa estabelecer uma ligação
afetiva com o educador e ele, como ser singular, pode e deve ser
significativo para a criança e a criança deve ser significativa
para ela.
[...] na casa, somos únicos e insubstituíveis. Temos
um lugar singular numa teia de relações marcadas por muitas
dimensões sociais importantes, como a divisão de sexo e idade, [mas
também] [...] nela somos [...] determinados por tudo o que a honra,
a vergonha e o respeito, esses valores grupais, acabam determinando.
(KOCHEM apud DA MATTA, 1989, p. 25-26)
Nesta organização
social que mais parece uma grande casa, se as crianças precisam de
pessoas que as recebam, as tratem como únicas e busque a melhor
educação/cuidado na diversidade de situações, o mesmo ocorre com
a gestão. Para manter o afeto, o bem querer, o animo para o bem
cuidar e educar é preciso também que a equipe gestora receba sua
equipe e busque fazer a melhor gestão para esses profissionais, que
devem ser tratados com respeito, com atenção, como seres únicos. A
gestão educacional deve buscar o melhor trabalho para os
profissionais, as famílias e as crianças nesta “grande casa”,
organizando e mantendo seus quartos (sala de aula), cozinha
(cozinha), sala de jantar (refeitório), banheiros (banheiros),
quintal (parque) e hall de entrada (secretaria/direção), assim como
mantendo funcionando as regras da casa.
Contudo, Roberto Da
Matta, para uma analise da cultura brasileira, utiliza a
representação do espaço da casa para discutir a confusão
existente com as representações sociais do espaço da rua.
No mundo ocidental, o tempo na casa é cíclico,
seguindo lembranças e encontros familiares, é um lugar estritamente
da nossa gente, onde a autoridade não se dá pela lei ou pelo cargo;
ou seja, não são os imparciais contratos civis e comerciais que
regem a compra, a venda e a permuta – a tradição, o afeto, a
proximidade e a cumplicidade determinam as relações, as quais são
as moedas de troca.
Já a rua seria o espaço do povo como conjunto de
indivíduos indiferenciados na massa, um espaço que se rege pela
força e pelo poder na exploração uns dos outros, por isso faz-se
necessário determinar os direitos e os deveres comuns a todos, criar
um espaço da lei. Nesse espaço de trabalho e de circulação
fluida, veloz e indistinta, as vontades contradizem-se em uma batalha
figurada (ou não) de vontades, constituindo uma cadeia de
acontecimentos históricos. (KOCHEM, 2010, p. 76)
Deste modo, apesar da
escola, como organização social, ser mais similar a casa de família
do que de uma indústria, ela não é a casa de ninguém, não é a
casa das crianças, não é a casa dos Agentes de Educação/Monitores,
não é a casa dos professores, não é a casa dos demais
funcionários, não é a casa da Orientadora Pedagógica e muito
menos é a casa do diretor. Por mais que tenha aspectos semelhantes a
casa de família, como organização social, a escola faz parte do
espaço da rua.
Isso significa dizer que
o Centro de Educação Infantil, como organização escolar, precisa
ser regido por direitos e deveres comuns a todos, apesar dos
interesses, tradições e afetos estarem envolvidos nas relações
existentes.
Os direitos e deveres a
serem considerados na gestão da escola pública são sustentados
pelo direito administrativo.
O Direito Administrativo, como ramo do direito público,
pode ser conceituado como conjunto de normas destinadas a regular o
funcionamento da Administração Pública, tanto nas suas relações
internas, direta ou indiretamente, como nas suas relações externas
com os administrados, sempre que o interesse público assim o
determinar. (GOMES, 2012, p.33)
O que orienta a aplicação
das normas do direito administrativo são princípios utilizados como
referência para as decisões e interpretações das mesmas. Aqui
ressaltamos oito deles: a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, sendo que alguns acrescentam a esses o
principio da participação, e como alicerce destes princípios a
supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse
público. No caso do Centro de Educação Infantil o interesse
público se remete a educação e cuidado de qualidade a ser
oferecido as crianças atendidas, e o principio da supremacia do
interesse público (1) define que estes são superiores aos
interesses particulares, seja de um funcionário, de um gestor, ou
mesmo da família; o princípio da indisponibilidade (2) complementa
o da supremacia ao determinar que a autoridade responsável pelo
serviço não pode se abster de defender o interesse público.
A legalidade (3) se
refere à necessidade de pautar as decisões administrativas em leis,
decretos, resoluções e outras disposições legais, que devem
fornecer as possibilidades e limites para o ato administrativo; a
impessoalidade (4) sustenta que a ação do serviço público não
pode dar diferente tratamento a pessoas que se encontram na mesma
posição/situação/condição, por razões de preferência ou
interesse pessoal, parentesco, proximidade ou por ter relações
afetivas diferentes; a moralidade (5) denota a obrigatoriedade da
ação gestora ser sustentada por valores éticos; a publicidade (6)
se remete ao dever de apresentar os atos administrativos e seus
referencias de maneira pública; a eficiência (7) se refere ao
correto processo que deve ter a ação do serviço prestado, de modo
a alcançar o destino a que ele se propõe, e, por fim, a
participação (8) está ligada a imperiosa relação democrática a
ser estabelecida nos órgãos públicos.
Deste modo, o desafio
primeiro desta gestão é conseguir manter o animo, a alma do
trabalho educativo, sem deixar de lado os princípios que devem reger
a administração pública. Para isso a concepção de trabalho como
algo pesado, sofrido, precisa ser, frente a dureza da lei, revisto.
... a gente tem de substituir isso pela ideia de obra,
que os gregos chamam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que
faço, que construo, em que me vejo. (Cortella, 2007, p.?)
Um possível caminho é
mobilizar concepções, sentidos, sentimentos e encontros para que os
profissionais, apesar da necessária ausência da representação da
casa, para que reconheçam o seu trabalho individual como parte da
obra que se realiza na unidade, para que se reconheçam enquanto
sujeitos na busca do pão e de um sonho de escola.
O pão e o sonho: uma
construção coletiva
... a pessoa humilde é capaz de ter dúvida, e isso é
motor da mudança. Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que
não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é
capaz de fazer de outro modo. [...] Você não tem que temer o erro.
Tem de temer a negligência, a desatenção e o descuido. [...] Não,
a gente não aprende com os erros. A gente aprende com a correção
dos erros. [...] Qual o contrário de humildade? Arrogância. Gente
arrogante é gente que acha que já sabe, que acha que não precisa
aprender, que costuma dizer: “Há dois modos de fazer as coisas, o
meu ou o errado. Escolhe você”. Gente arrogante não ouve
discordância e não consegue crescer. Arrogância é um perigo
porque ela altera inclusive a nossa capacidade de aprender com o
outro, de entrar em sintonia. (CORTELLA, 2011, p. 28-31)
A arrogância muitas
vezes tem origem no encastelamento, como na história da Ruth
Rocha em que os súditos pequeninos têm que subir em pernas de
pau para serem vistos e ouvidos pelo grande rei, e, quando ele os
vê, foge de medo. O rei tinha que decidir, tinha que ouvir
conselhos, observar aquilo que estava a sua volta, mas enxergava e
conversava só com aqueles da sua altura, e assim foi se
distanciando, foi se encastelando, se afastando de seus súditos.
A gestão da escola
precisa também observar as coisas a sua volta, ouvir conselhos e
tem que decidir, mas não pode se encastelar, se achar dona do
castelo para fazer o que bem entender.
Para que o
distanciamento entre a gestão e a comunidade educativa não
ocorra, a busca pela humildade, unida ao princípio da
participação democrática, pode auxiliar.
A humildade permite o
ser transitivo. Ser transitivo é se enxergar como uma parte do
todo, sem se fechar para outras formas de ver o problema e de
pensar soluções, é ser capaz de apresentar sua posição e de
ouvir a do outro, para buscar um jeito de fazer que seja coletivo.
Na Abertura 1812,
de Tchaikovsky, por exemplo, o instrumentista do címbalo toca
pouco durante a peça inteira. E ele vai para casa e fala o quê
para a esposa? Que durante a execução do concerto ele fez “pim”
três vezes? Claro que não. Ele fala que participou de um
concerto. Agora se ele perceber que as pessoas acham que ele só
toca címbalo e que, aliás, é altamente substituível, se ele
perceber que o spalla (primeiro
violino) da orquestra o despreza, ele ficará propenso a ter dois
tipos de comportamento: não ter lealdade à orquestra ou
atravessar durante a execução, tocar na hora errada. O tocador
de címbalos precisa ter clareza de que não foi lá bater o prato
três vezes, mas, sim, de que estava compondo uma obra coletiva.
(CORTELLA, 2011, p. 66)
A direção precisa
ser transitiva, permitindo com que ideias e projetos provindos de
diferentes origens possam frutificar, dando incentivo, fundamentos
e estrutura.
Com essa capacidade de
dialogar, através da mobilização de colegiados representativos,
acredito ser possível construir sonhos, possibilidades virtuais
passiveis de se tornarem reais, um projeto coletivo de um castelo
que todos possam usufruir.
Esse trabalho, porém,
precisa ser sedimentado através da seleção de referenciais
teóricos comuns que fundamentem as escolhas e iniciativas
cotidianas e sustentem a progressiva autonomia dos profissionais e
das equipes do CEI.
Para Barroso (1996, p.17), ‘o conceito de autonomia
pressupõe liberdade, porém não se confunde com independência,
nem com a ideia de autogoverno ou a faculdade de se reger por
regras próprias’. Segundo o autor, a autonomia é um conceito
construído socialmente e resulta sempre de confluências de
várias lógicas e interesse, tais como os políticos, os voltados
a gestão, os profissionais e pedagógicos os quais é preciso
saber gerir, integrar e negociar. (LIMA, 2007, p. 85)
Alguns documentos são
essenciais para constituição dessa autonomia possível,
primeiramente, no nível escolar, o próprio projeto pedagógico,
no nível municipal as diretrizes apresentadas/construídas pela
secretaria de educação e no nível nacional as diretrizes
curriculares nacionais para a educação infantil.
São estes documentos
que devem ser tomados como referenciais para que, dentro de uma
organização, que lida com decisões nas salas de aula, no
refeitório, com relação as famílias, as crianças, frente a
situações inesperadas, possam ser constituídos caminhos que
guiem para uma mesma direção. De uma forma que essas decisões
se fundem em paradigmas que sejam coerentes, críticos,
emancipatorios e humanizantes, no sentido de ser mais humano, como
tanto defendeu Paulo Freire.
Dessa forma, a escola, como local de formação de
profissionais criativos, críticos e reflexivos, é um instrumento
social de contraposição às formas autoritárias que permanecem
na educação, ao longo da história educacional brasileira. É
uma escola que procura alternativas para poder não apenas
sobreviver, mas resistir e lutar contra o emaranhado de
contradições e negações existentes no contexto atual e
defender a prioridade de que a educação deve ser alvo. (LIMA,
2007, p.30)Apesar dos
documentos citados, esta direção para um mesmo norte, esta
coerência no trabalho, esta busca pela qualidade, demanda estudos
e discussões que precisam ser realizados. Estudos e discussões
que serão mais bem apresentados na carta pedagógica da
Orientadora Pedagógica.
Para realização dos
mesmos pretende-se que os espaços conquistados pela rede
municipal, como as reuniões de TDC, RPAI, Conselho de Escola e
outros colegiados e comissões, que podem vir a ser criados na
unidade, possam funcionar como instâncias mobilizadoras de ação,
discussão e estudo. E pretendemos construir procedimentos que
permitam valorizar o esforço destes profissionais que participam
desses espaços de maneira qualificada, no enfrentamento das
necessidades percebidas e dos problemas enfrentados, de modo
propositivo, ativo e consciente dos processos e entraves
existentes.
Isso não significa se
omitir, pois a gestão também precisa se apresentar como sujeito,
se responsabilizando pela garantia da supremacia do interesse
público frente ao privado, buscando garantir a legalidade dos
atos realizados, procurando a impessoalidade frente a relações
tão próximas, mas sem se colocar acima dos demais. E, quando
necessário, sustentado pelos colegiados, frente a supremacia do
interesse público, busquem o que Barroso chama de autonomia
clandestina, aonde:
“os órgãos de gestão ‘contornam’ certos
preceitos legais que impedem ou dificultam a tomada de decisão em
domínios considerados estrategicamente importantes para realizar
determinados objetivos da escola (BARROSO apud LIMA, 2007, p.86)
No
sentido de construir um sonho coletivo, a reunião do Conselho de
Escola no dia 13 de março de 2013, foi importante, pois apontou
necessidades estruturais e acolheu propostas para pensar um espaço
com mais opções.
A percepção de reformas necessárias foram estas:
Erguer as tomadas das salas de aula e demais locais aonde as crianças têm acesso;
Trocar as lâmpadas das salas,
Limpar calhas e trocar telhas,
Trocar torneiras do banheiro do AGII parcial,
Reformar o banheiro do AGI A,
Construir veneziana para circulação de ar no refeitório,
Pintura do refeitório e dos corredores,
Colocar geladeira, uma pia e o microondas na sala dos funcionários,
Reparo na tubulação de água existente ao lado da porta da cozinha, pois o piso está minado água,
Colocar grade no portão do solário no AGII B, AG1A e AG2A,
Manutenção de fechaduras e colocação de trava interna,
Revisão da parte elétrica,
Manutenção do parque com poda de árvores, colocação de pneus no entorno do parque ao lado do calçamento, para proteção das crianças e pintura;
Retirada de entulhos;
Colocação de portão eletrônico da porta de entrada ao lado da secretaria para controle de acesso;
Cortar portas da secretaria e banheiros do AG1A e AG2A.
|
O
que os olhos não veem
Ruth Rocha
Havia uma vez um rei
num reino muito distante, que vivia em seu palácio com toda a
corte reinante.
Reinar pra ele era
fácil, ele gostava bastante.
Mas um dia, coisa
estranha!
Como foi que
aconteceu?
Com tristeza do seu
povo nosso rei adoeceu.
De uma doença
esquisita, toda gente, muito aflita, de repente percebeu...
Pessoas grandes e
fortes o rei enxergava bem. Mas se fossem pequeninas, e se
falassem baixinho, o rei não via ninguém.
Por isso, seus
funcionários tinham de ser escolhidos entre os grandes e
falantes, sempre muito bem nutridos. Que tivessem muita força, e
que fossem bem nascidos.
E assim, quem fosse
pequeno, da voz fraca, mal vestido, não conseguia ser visto.
E nunca, nunca era
ouvido.
O rei não fazia
nada contra tal situação; pois nem mesmo acreditava nessa
modificação. E se não via os pequenos e sua voz não escutava,
por mais que eles reclamassem o rei nem mesmo notava.
E o pior é que a
doença num instante se espalhou. Quem vivia junto ao rei logo a
doença pegou. E os ministros e os soldados, funcionários e
agregados, toda essa gente cegou.
De uma cegueira
terrível, que até parecia incrível de um vivente acreditar, que
os mesmos olhos que viam pessoas grandes e fortes, as pessoas
pequeninas não podiam enxergar.
E se, no meio do
povo, nascia algum grandalhão, era logo convidado para ser o
assistente de algum grande figurão. Ou senão, pra ter patente de
tenente ou capitão. E logo que ele chegava, no palácio se
instalava; e a doença, bem depressa, no tal grandalhão pegava.
Todas aquelas
pessoas, com quem ele convivia, que ele tão bem enxergava, cuja
voz tão bem ouvia, como num encantamento, ele agora não tomava o
menor conhecimento...
Seria até engraçado
se não fosse muito triste; como tanta coisa estranha que por esse
mundo existe.
E o povo foi
desprezado, pouco a pouco, lentamente. Enquanto que próprio rei
vivia muito contente; pois o que os olhos não vêem, nosso
coração não sente.
E o povo foi
percebendo que estava sendo esquecido; que trabalhava bastante,
mas que nunca era atendido; que por mais que se esforçasse não
era reconhecido.
Cada pessoa do povo
foi chegando á convicção, que eles mesmos é que tinham que
encontrar a solução pra terminar a tragédia. Pois quem monta na
garupa não pega nunca na rédea!
Eles então se
juntaram, Discutiram, pelejaram,
E chegaram à
conclusão
Que, se a voz de um
era fraca,
Juntando as vozes de
todos
Mais parecia um
trovão.
E se todos, tão
pequenos,
Fizessem pernas de
pau,
Então ficariam
grandes, E no palácio real
Seriam logo
avistados, Ouviriam os seus brados,
Seria como um sinal.
E todos juntos,
unidos, fazendo muito alarido seguiram pra capital.
Agora, todos bem
altos nas suas pernas de pau. Enquanto isso, nosso rei continuava
contente.
Pois o que os olhos
não veem nosso coração não sente...
Mas de repente, que
coisa!
Que ruído tão
possante!
Uma voz tão alta
assim só pode ser um gigante!
- Vamos olhar na
muralha.
- Ai, São
Sinfrônio, me valha neste momento terrível!
Que coisa tão
grande é esta que parece uma floresta? Mas que multidão
incrível!
E os barões e os
cavaleiros, ministros e camareiros, damas, valetes e o rei tremiam
como geleia, daquela grande assembleia, como eu nunca imaginei!
E os grandões,
antes tão fortes, que pareciam suportes da própria casa real;
agora tinham xiliques e cheios de tremeliques fugiam da capital.
O povo estava
espantado, pois nunca tinha pensado em causar tal confusão, só
queriam ser ouvidos, ser vistos e recebidos sem maior complicação.
E agora os nobres
fugiam, apavorados corriam de medo daquela gente.
E o rei corria na
frente, dizendo que desistia de seus poderes reais.
Se governar era
aquilo ele não queria mais!
Eu vou parar por
aqui a história a que estou contando. O que se seguiu depois cada
um vá inventando.
Se apareceu novo rei
ou se o povo está mandando, na verdade não faz mal.
Que todos naquele
reino guardam muito bem guardadas as suas pernas de pau.
Pois temem que seu
governo possa cegar de repente.
E
eles sabem muito bem que quando os olhos não veem nosso coração
não sente.
|
Os conselheiros presentes
acordaram a prioridade como sendo a (1) reforma do telhado, (2)
limpar calhas, (3) verificar o vazamento do refeitório, (4) retirar
entulhos, (5) colocar grades no portão das salas de aula para parte
externa, (6) reforma do refeitório para permitir circulação de ar,
(7) erguer as tomadas elétricas.
Considerando que a
unidade possui um espaço externo subutilizado, que é necessário
organizar a mobilidade na área externa do CEI e é importante
construir áreas alternativas para possibilitar a diversificação do
trabalho pedagógico, os seguintes interesses por melhorias foram
acolhidos pelos conselheiros:
Colocação
de 06 grades de ferro na altura de 90cm: uma direcionando a entrada
dos pais até a secretaria; a segunda separando a entrada de
veículos do tanque de areia; a terceira e a quarta delimitando a
circulação de crianças para organizar espaços alternativos de
utilização, sendo uma grade separando o parque da área ao fundo
da cozinha (com portão de passagem), e a outra entre o lado de fora
da sala do AG2C/E até a cerca da unidade (com portão de passagem)
e a última delimitando um espaço ao fundo das salas do AG2B e
AG2D;
Construir
uma lavanderia integrada ao prédio e reformar o banheiro dos
funcionários, tendo em conta as péssimas condições dos banheiros
e a mudança do perfil de atendimento da unidade. Foi sugerido o
fundo da cozinha para isso, mas levantou-se a necessidade de
consultar um engenheiro ou arquiteto para definir melhor o local;
Construir
um quiosque para vivências coletivas ao fundo do CEI, no lado
direito, tendo em conta que a unidade não tem um espaço externo
coberto para realização de atividades alternativas. Foi ressaltado
que precisa fazer uma drenagem na área, pois o terreno chega a
ficar cheirando mal por causa da umidade do local e que é uma
demanda antiga da unidade e que já teria sido solicitado um projeto
de melhorias que incluiria um espaço externo coberto, mas que esse
projeto foi feito para o CEI Comecinho de Vida;
Construir
um espaço de água, tipo chuveirão, ao lado da sala do AG2D, no
lado esquerdo do prédio (drenar espaço).
Construir
um espaço para realização do projeto horta ao lado da sala do
AG2C/E (drenar espaço);
Colocar
uma cobertura na entrada do CEI. Foi ressaltado que esta é uma
solicitação antiga que consta em atas de RPAI do ano anterior, e
que esse espaço poderia ser utilizado tanto para deixar um parque
com brinquedos para as crianças do AG1, quanto permitir que as
famílias aguardem atendimento abrigado da chuva e do sol;
Construir
uma casinha de alvenaria no lado externo ao lado da
secretaria/direção;
Reforma
do tanque de areia ao fundo do prédio, cercado com tela de
proteção, evitando a urina de animais e permitindo a cobertura
para sombra;
Construção
de uma porta de correr que de acesso externo a sala do AG2C/E;
Colocação
de brinquedos ao fundo do prédio ao lado do tanque de areia
desativado;
Tendo
em conta o desnível do terreno da frente do CEI, foi proposto fazer
um parque nesta área gramada com um propósito diferente, buscando
“brinquedos” de circuito, como labirintos, como manilhas furadas
para passar por dentro, entre outros.
Frente a estes projetos
existe ainda a necessidade de organizar a vida burocrática da
unidade; a ausência de outra pessoa na secretaria para dar
atendimento as famílias e profissionais quando o diretor não se
encontra (apesar do auxilio que a vice-diretora do CEI Comecinho de
Vida tem prestado no mês de março); o acompanhamento pedagógico
que se resume a dois dias na semana, pois a Orientadora Pedagógico
tem seu trabalho dividido entre as duas unidades que constituíam do
CIMEI 33; o enfrentamento dos diversos acordos internos que ocorriam
em anos anteriores e que prejudicavam o trabalho pedagógico; a
superação dos conflitos marcados em livros e relatórios dos anos
anteriores; a participação da comunidade no CEI e a participação
do CEI na comunidade, que aparentemente não é profícua; a busca
por resolver os problemas enfrentados na unidade, dentro da própria
unidade, buscando auxilio só extraordinariamente quando estes
enfrentamentos superam a capacidade do grupo em buscar o consenso
negociado. São alguns dos desafios postos a esta gestão.
Bibliografia:
CORTELLA, Mario S..
Qual é a Tua Obra? - Inquietações Propositivas sobre Ética,
Liderança e Gestão. São Paulo : Vozes, 2007.
GOMES, Fábio B..
Elementos de Direito Administrativo. 2. Ed. – São Paulo : Saraiva,
2012.
KOCHEM, Ivan J..
Móveis de Sala no Quarto dos Fundos: Trajetória do Saber Artesanal
em uma Escola Salesiana. – Campinas/SP, 2010. Dissertação
(Mestrado) – UNICAMP.
LIMA, Márcia R. C..
Paulo Freire e a Administração Escolar : A Busca de um Sentido. –
Brasilia : Liber Livro Editora, 2007.
MAZZA, Alexandre
(coord.). Direito Administrativo: Escute e aprenda. 7. Ed. –
Coleção Audiolivrojurídico. AudioLivro.net.