Por: Iara
Moura Juliano
Na estrutura de trabalho pedagógico interposto nos planos e na intencionalidade de uma proposta para orientação pedagógica neste ano de 2013 nos indagamos sobre nossas crianças:
Que
tempo é este que vivemos? Que criança é esta que nos chama? Que
sorriso é este que nos interpela? Que choro é este que me faz
acolhe-la e ao mesmo tempo me indigna? Que brincadeira é essa que me
faz sorrir, estranhar e me divertir? Que pergunta é essa que me
desconcerta? Que criança é essa que parece um adulto em suas mil
faces? Que criança é essa que faz birra? Que não consegue brincar
diante de um brinquedo? Que chora por querer seus familiares? Que
abraço gostoso! Que belo sorriso! Que palavra certa expressada no
vazio e na grandeza de um momento? Que soninho bom!, Que choro sem
consolo! Que felicidade numa descoberta! Que brincadeira gostosa! Que
autonomia! Que dependência! Que medo, que curiosidade .....
Propomos
descobrir o que é ser criança, a importância de reconhecermos no
contexto escolar os saberes que as crianças têm sobre o mundo e até
sobre elas e nós adultos. Saberes estes constituídos socialmente e
que dão às crianças identidade cultural e que muitas vezes nós
adultos não conseguimos acolhe-las, atingi-las por não estarem em
pauta no holl de reflexões dentro do contexto escolar e da primeira
infância.
Segundo
Corsaro após infinitas observações nas escolas de educação
infantil, pode perceber que as crianças têm, sua própria maneira
de interagir com os outros e com o mundo à sua volta. Percebeu que
as crianças, mesmo pequenas, não vivem só de imitar os adultos.
Elas estabelecem regras, desafiam os maiores e procuram formas
alternativas de serem aceitas.
Entendemos
que nossas concepções de infância atravessam nossas trajetórias
de vida e profissão. Debater nossas experiências e culturas
possibilita compreender como nosso espaço profissional é perpassado
pelos espaços de vida, bem como construir práticas pedagógicas de
enfrentamento das ideologias que nos moldaram como indivíduos e
assim entender como as questões de classe, gênero e raça deixaram
marcas sobre nossas formas de pensar e agir (Giroux, 1997, p. 40).
Temos
a intenção em trazer a tona também a discussão sobre a
necessidade de transformar os espaços da escola em um lugar onde a
criança possa viver sua infância de acordo com uma gestão
temporal. Um espaço físico que possa contemplar um ambiente
intencional. A gestão e o cuidado do tempo é tema importante para
ser discutido nas propostas da organização de vida cotidiana na
educação infantil. O tempo é uma categoria política e diz
respeito à vida das crianças, pais, educadores, enfim, todos os
envolvidos na educação infantil, pois o mesmo articula a vida,
tecendo fios estabelecendo limites e amarrando e estruturando
relações, saberes e conhecimentos. É nesse tempo que temos a
possibilidade da dimensão da durabilidade, da continuidade e da
construção dos sentidos da vida. Para tanto devemos também
refletir como estamos vivendo o tempo profissional em que exercemos a
docência, a função de cuidar e educar, ensinando, orientado e
mediando a criança a vivê-lo.
O
tempo em que nos formamos para a docência certamente percorreu
determinada ideologia em que nos dias atuais não cabe. No passado a
criança era vista sob o paradigma do cuidado, por vezes numa
concepção higienista, representava um adulto em miniatura sem voz e
vez, onde a fantasia não tinha espaço no cotidiano, apenas no
brincar. Hoje a fantasia infantil é o foco, estudos da sociologia
colocam a criança como ser pensante, brincante, como parte do
contexto social, um ser para além dos direitos de voz e vez no
mundo. Na pós-modernidade o espaço de ser criança é interagindo e
sentindo a realidade por si mesma, atravessando culturas
estabelecidas com seus pares, com os adultos e com o mundo. Por isso
devemos trazer a tona práticas pedagógicas de enfrentamento das
ideologias que concebem a criança como ser passivo, como objeto de
marketing, como página em branco a ser escrita pelo adulto e
qualquer outra coisa que lhe reduz a possibilidade de ser mais.
O conceito de infância
é de suma importância para que consigamos discutir a ação
pedagógica com todos os atores educativos da escola, assim como o
papel da família, refletindo o que é ser coletivo na ed. Infantil,
o que é uma rotina, a importância do brincar, das atividades de
língua materna, dos tempos e espaços, do planejar, do cuidar e
educar, do observar, avaliar e documentar.
Perspectiva
de Trabalho da Orientação
“Para ser grande,
ser inteiro, nada teu exagera ou exclui;
ser todo em cada
coisa;
põe quanto és no
mínimo que fazes;
assim em cada lago, a
lua toda brilha porque alta vive.”
Fernando Pessoa
Permitir
ao grupo de trabalho o respeito à individualidade, a partilha,
aceitar o outro como parte do todo, onde a participação valoriza a
oportunidade de manifestação no grupo e para o grupo nos diferentes
momentos formativos de que a dispõe a unidade educacional, promover
a união de forças com o outro para avançar.
Ouvir
o outro deve ser uma prática constante em que os fazeres ocorrem no
coletivo através do diálogo, nos saberes a serem compartilhados,
dando oportunidades para que o grupo pense e reflita as ações do
cotidiano de forma a facilitar o alcance dos objetivos, das metas e
ações comuns.
Promover
sempre a reflexão para dentro da escola, com vistas à participação
e com apropriação daquilo que pretende ou do que é feito. Somos
atores e responsáveis por tudo que realizamos.
Desenvolver
com o grupo de professores e monitores, acordos coletivos em prol do
bem da escola, onde todos devem atender o decidido coletivamente após
discussão e participação, com vistas ao trabalho no cotidiano.
Valorizar
a igualdade de direitos, onde o protagonista circula pelo grupo dando
destaque ao valor profissional para que se tenha a busca de soluções,
visando atender as necessidades pedagógicas dos professores e
monitores, com vistas aos objetivos do P.P, de maneira formativa,
tanto individual quanto coletivamente.
Divulgar
junto com todos os profissionais para a comunidade escolar (pais e/ou
responsáveis) as atividades pedagógicas desenvolvidas bem como
acompanhar o desempenho das diferentes linguagens infantis de modo a
permitir o envolvimento necessário, do profissional e da família,
importante para a formação e desenvolvimento integral da criança,
de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacional e Políticas
Educacionais da SME.
Planejar
junto com os profissionais, situações pertinentes e específicas
como estratégias pedagógicas de superação de todas as formas de
discriminação, preconceito e exclusão, realizar reuniões com a
equipe gestora (semanal ou quinzenalmente) para trocas e
reorganização de ações.
Orientar
e acompanhar o desempenho das crianças, coordenar ações para
aquisição de materiais pedagógicos, incentivar e planejar junto
com a equipe de profissionais da unidade, o desenvolvimento de
atividades que envolvam tecnologias/ mídias/ ações e incentivo à
leitura, no ensino e aprendizagem das crianças e dos adultos
envolvidos na escola.
Sistematizar
reuniões de TDC e GEM e Reuniões pedagógicas, escriturando-as em
livro específico, para ciência de todos os participantes e
interessados.
Participar
dos assessoramentos semanais, cursos, eventos e palestras promovidos
pela SME ou outras instituições e repassá-los ao grupo favorecendo
o crescimento pedagógico.
Os
referenciais bibliográficos utilizados para a construção do P.P
serão apoio para estruturarmos junto aos profissionais da escola as
reuniões pedagógicas.
Há
também o objetivo em atender as especificidades dos professores em
suas demandas profissionais cotidianas em que a orientação
pedagógica desenvolverá um plano de trabalho específico para tal
necessidade. Diante disso o contato com o professor em sala,
ajudando-o a refletir ações e propondo intervenções quando
necessitar acarretará em ampliação do trabalho pedagógico do
professor.
Nos
TDCs, combinamos que ampliaremos os momentos de trocas de
experiências e vivências dos professores, planejaremos mensalmente
as atividades coletivas e proporcionaremos estudos específicos e
pertinentes sobre as diretrizes curriculares de Ed. Infantil pública
do município de Campinas.
Quanto
ao GEM se faz necessário planejar de acordo com as necessidades do
grupo, com atendimento semanal às quartas feiras pedagógica e
promover a opção de formação externa junto à cursos oferecidos
pela SME e outros segmentos educacionais que atendam às necessidades
da unidade escolar e do profissional em questão.
O trabalho do orientador
pedagógico durante o ano letivo desenvolverá com apoio aos
professores em sala de aula, atendimento pré agendado a pais
juntamente com professores com vistas a situações pedagógicas
específicas. Ao longo dos trimestres a atenção e o olhar do
orientador pedagógico envolverá os objetivos da educação
infantil, os eixos trabalhados na unidade escolar, a integração e a
partilha entre os professores da unidade quanto ao desenvolvimento de
ações pedagógicas com as crianças , o trabalho com o brincar, o
letramento, o trabalho em espaços diversificados, atividades
coletivas, estudo de casos e situações de avanço pedagógico como
por exemplo o trabalho com o computador e uso de mídias, a arte e
suas diferentes expressões, a integração da família/escola, a
valorização da educação infantil em seu contexto mais amplo,
Coordenação TDC e Formação Continuada, GEM, RPAI entre outros.
No que se refere a
jornada de trabalho do orientador diretamente com os professores /
monitores neste ano temos 11 profissionais no Comecinho e 17 no
Pezinhos , o que representa uma demanda intensa de trabalho, em que a
semana passa a ser curta frente ao planejamento apresentado. Neste
ano a CEI Pezinhos ampliou seu atendimento no agrupamento II parcial
com duas salas, duas salas com semi estendido e duas integrais( uma
de AGI e outra de AGII) portanto as necessidades de apoio pedagógico
tornam-se mais intensivas e imediatas frente a parte pedagógica e
atendimento específico a pais. Percebemos a entrada de crianças
novas que não freqüentavam a escola período integral que tem
colocado nossas atenções pedagógicas desde o acolhimento até a
conscientização familiar do papel da educação infantil no
contexto da vida da criança.
Oração
ao Tempo
Maria
Gadú
És
um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo
Compositor
de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo
Por
seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo
Que
sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo
Peço-te
o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo
De
modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo
O
que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo
E
quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo
Ainda
assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo
Portanto
peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo
Atendimento
semanal subsequente
SEGUNDA
|
TERÇA
|
QUARTA
|
QUINTA
|
SEXTA
|
|
Manhã
|
Assessoramento
|
CEI
Comecinho de Vida
|
CEI
Pezinhos Descalços
|
CEI
Pezinhos Descalços
|
CEI
Comecinho de Vida
|
NAED
|
Atend.
Pais
Atend.
Profa Rita/ Danuze/TDC
|
Atend.
Profa Lindsey/ Adriana G. e monitoras
Reunião
Gestão
Atend.
Pais
GEM
|
Atend.
Profa Luciana/ Adriana M. e monitoras
Org.
Material Pedag.
TDC
|
Atend.
Pais
Atend.
Profa Luciana/ Mª Inês/ Ana Paula
|
|
Tarde
|
CEI
Comecinho de Vida
|
CEI
Pezinhos Descalços
|
CEI
Pezinhos Descalços
|
CEI
Comecinho de Vida
|
|
Reunião
Gestão
Atend.
Profa Iracy/ Lucilene
Org.
pauta TDC
|
Reunião
Gestão
GEM
|
Atend.
Roberta/Elaine e monitoras
|
Atend.
Profa Tatiana/Mª Elisa/ Marisa
|
Bibliografia:
DIRETRIZES
CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL : Um
processo contínuo de reflexão e ação : Prefeitura Municipal de
Campinas, Secretaria Municipal de Educação, Departamento Pedagógico
/ Organização : Miriam Benedita de Castro Camargo / Coordenação
Pedagógico: Heliton Leite de Godoy. - Campinas, SP, 2013.
Referencial
Curricular nacional para a educação infantil/ ministério da
educação e do Desporto, secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: MEC/SEF,1998, vol1.
Por uma cultura da
infância ; metodologia de pesquisa com crianças/ Ana Lúcia Goulart
de Faria, Zeila de Brito Fabri Demartini, Patrícia Dias Prado,
(orgs.).-Campinas,SP: Autores Associados,2002.-( coleção educação
contemporânea)
O tempo na Educação
infantil: Perspetivas de estudo de casos/ Ana Bondilioli (org):São
Paulo: Cortez,2004
A entrada da criança
na escola e o período de adaptação: Cristina helena
G.Sartori.—Campinas, SP: Editora Alínea,2001
Didática do ensino
da Arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte: Miriam
Celeste Martins, Gisa Picosque, M Terezinha Telles Guerra. –São
Paulo: FTD,1998
Pedagogia Profana:
danças, piruetas e mascaradas/4.ed/ texto de Jorge Larossa, tradução
de Alfredo Veiga-Neto,- Belo Horizonte;Autêntica,2001.
Avaliação na
escola 1:Elvira Souza Lima- São Paulo: Editora Sobradinho107, 2002.
A criança pequena e
suas linguagens: ______________-São Paulo: Editora
Sobradinho107,2003
As relações
interpessoais na formação de Professores: Laurinda Ramalho De
Almeida; Vera Maria Nigro De Souza Placo(orgs)- São Paulo,Edições
Loyola,2002
Brinquedoteca: um
mergulho no brincar: Nilse Helena Silva Cunha.- São Paulo: Maltese,
1994
Gilles
Deleuze, Guattari,F.MIL PLATÔS,1987, Continuum London New York.
Girox
Henry . Placeres Inquietantes –
Aprendiendo la Cultura Popular,Barcelona, Paidós, 1997)
GIROUX,
Henry. Os
Professores como Intelectuais – Rumo a uma Pedagogia Crítica da
Aprendizagem. Porto
Alegre: Artmed, 1997.
CORSARO,
W. A Sociologia da Infância, 2ª edição, Artmed.
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